Ideias inovadoras ganham cada vez mais espaço para se tornarem projetos bem-sucedidos
A divulgação e produção de startups no contexto da universidade têm ganhado volume nas últimas semanas, devido principalmente à promoção de cursos para desenvolvimento de projetos, concursos e competições acontecendo no cenário universitário, além da recente conquista do ex-aluno de engenharia elétrica, Flávio Pascoal, autor do projeto retinógrafo portátil ganhador do Programa de Promoção da Economia Criativa da Samsung-Anprotec.
O Núcleo de Empreendedorismo da USP (NEU), instituído no InovaLab da Escola Politécnica (Poli-USP), concentra alguns dos programas de incentivo a empreendedorismo na universidade, com o oferecimento de cursos de orientação e organização eventos como o Startup Weekend por meio de parcerias.
O programa NEU Startup Lab, por exemplo, oferece orientação para a criação de um modelo de negócios e possibilita contato com projetos já amadurecidos, facilitando o percurso dos mais novos. “[O programa] oferece todo o suporte para os alunos partirem da ideia e desenvolverem um modelo de negócios”, comenta Juliana Uechi, estudante de Administração da Faculdade de Economia e Administração (FEA-USP) e integrante do NEU.
Para Juliana e sua colega Camila Yamashiro, estudante de engenharia na Poli-USP e também administradora do NEU, é importante que os programas de auxílio sejam bem divulgados entre os interessados, já que muitas ideias de startups têm expectativa de vida baixa. O Startup Lab, por exemplo, recebe em torno de 20 a 30 equipes por mês, porém, no final do processo, apenas um número entre duas e três equipes remanesce. As duas atribuem esse “afunilamento” às dificuldades iniciais do processo de desenvolvimento, a exemplo da falta de tempo e priorização de outras responsabilidades, como estudos e trabalho. A viabilidade do projeto também é um fator a ser considerado, já que uma startup precisa ser inovadora e útil no mercado para receber investimentos.
Criação na USP
Atualmente mestranda em modelagem de sistemas complexos, Carolinne Pinheiro ajudou a criar, quando estava em seu primeiro ano de graduação em Sistemas de Informação pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) e em conjunto a Lívia Baena, estudante de marketing, um cuidador eletrônico para deficientes e idosos, ou seja, um robô. Junto à Lívia, hoje CEO da startup, Carolinne ganhou três competições de empreendedorismo, entre elas duas na USP e o Programa Vai Tec de auxílio a projetos de inovação.
Fabio Alves, estudante do quarto ano de Engenharia Elétrica na Poli, recebeu, trabalhando em equipe com dois colegas de turma, Victor Higa e Rafael Amaral, o terceiro lugar no Desafio Solar em Modelos de Negócios Sociais do Greenpeace, competindo contra projetos idealizados por todo o Brasil. Sua startup, batizada de “União Solar”, surgiu com a ideia de redistribuir energia solar para famílias sem condições físicas ou financeiras de instalar as placas coletoras em seus telhados.
Com propósito social, ambos os projetos foram bem recebidos e estão em processo de aperfeiçoamento até hoje. O essencial para se manter motivado, segundo os dois, é ter confiança na ideia para levá-la para frente. “Sempre acreditamos no enorme potencial que isso tem”, diz Fabio sobre a União Solar. “O que nos move é imaginar que as pessoas ainda não tem isso no seu dia a dia, mas podem e querem ter”.
Por outro lado, Carolinne enfatiza a necessidade de pensar em uma ideia viável para o mercado. “Primeiro, é preciso validar, ver se a ideia é boa. Às vezes, ela simplesmente não é, e você acaba gastando tempo e dinheiro com algo que não vai vingar”.
Startup Weekend terá tema “Cidades Inteligentes”
Nos dias 26, 27 e 28 de maio (sexta a domingo), o auditório do prédio da Engenharia Elétrica da Poli-USP sediará o evento “Startup Weekend: Cidades Inteligentes”, realizado pelo NEU em parceria com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e a Pró-reitoria de Pesquisa da USP. O evento leva a marca Techstars, uma empresa internacional que articula “startup weekends” por todo o mundo, geralmente com diferentes temas a cada edição.
Nesses três dias, as organizadoras Juliana Uechi e Camila Yamashiro esperam auxiliar os participantes a organizar e desenvolver suas ideias iniciais em projetos coesos, que alcancem viabilidade no mercado. Na sexta-feira, serão selecionadas, dentro do tema “cidades inteligentes”, dez das ideias mais inovadoras apresentadas pelos participantes, que serão então divididos em grupos para trabalharem no desenvolvimento nos dois outros dias.
Sobre o processo de escolha das ideias, Uechi explica que “a ideia é você ter uma primeira experiência com startups. O legal é que você venha mesmo sem ter um projeto, para vivenciar como seria criar e desenvolver uma ideia”. “Não é obrigatório chegar com algo pronto”, completa Yamashiro.
Durante o sábado e o domingo, serão promovidas palestras e atividades voltadas ao empreendedorismo, com presença de startups e pesquisadores, além de mentores para guiar os grupos. “Vamos trazer vários pesquisadores, programadores e criadores de startups para conversar com as equipes”, afirmam Uechi e Yamashiro. “É um momento legal para conversar com quem cria e funda startups”.
No fim do último dia, a versão final do projeto será encaminhada e analisada em uma banca, e a equipe da startup mais bem desenvolvida será premiada. Até o fechamento desta edição, o prêmio ainda não havia sido definido, mas as organizadoras garantiram que o objetivo é determinar como recompensa algum tipo de suporte técnico, como uma parceria ou mentoria exclusiva para os ganhadores, ajudando o projeto vencedor a tomar forma fora do evento.
Serviço:
O “Startup Weekend: Cidades Inteligentes” começa às 18h da sexta-feira, dia 26, e termina às 20h do domingo, dia 28, no Auditório do Prédio da Engenharia Elétrica da Poli-USP, Av. Prof. Luciano Gualberto, travessa 3, nº 158.
Os ingressos custam R$ 80 e incluem refeições para todos os dias de evento, brindes, certificados de participação e mentoria garantida para as equipes participantes.