Antipetismo e descrédito da mídia aumentam polarização

Por Bruno Nossig Gabriela Bonin

Três grandes temas permeiam o ecossistema de debate virtual de Jair Bolsonaro: o antipetismo, o sentimento de repúdio à mídia e o feminismo. Essas são as conclusões do Monitor do Debate Político no Meio Digital, que vem mapeando e mensurando postagens no Facebook com o objetivo de analisar e divulgar informações sobre a narrativa eleitoral. A ferramenta foi criada pelo Grupo de Políticas Públicas para o Acesso à Informação.

O projeto atua desde 2016 e monitora cerca de 100 sites de notícia e mais de 700 páginas sobre política no Facebook. Segundo o Monitor, a campanha de Bolsonaro é a que mais gera interações na rede social.

O antipetismo está relacionado à ideia de que a eleição de Bolsonaro acabaria com um sistema político corrompido. As postagens também atacam a imprensa, principalmente a Rede Globo, e também tentam ganhar o eleitorado feminino.

Segundo o professor Marcio Moretto Ribeiro,  “Bolsonaro é colocado como antifeminista, mas não como antimulher. É como se o feminismo fosse uma expressão cultural que vai contra os valores da família tradicional”.

O professor diz ainda que, nas eleições de 2018, a fiscalização das fake news está sendo maior, o que faz com que as páginas tentem ao máximo contextualizar as postagens que fazem. Assim, ao compartilhar uma notícia de 2011, por exemplo, existe uma maior preocupação em colocar o post dentro de um contexto.

Patrícia Figueiredo, jornalista da Agência Pública, conta que as pessoas, atualmente, estão dando mais valor para a checagem de fatos. A crise de credibilidade da mídia – exemplificada nas postagens de ataque à imprensa identificadas pelo Monitor – contribui para que as pessoas acreditem mais facilmente no que recebem.

“Ao mesmo tempo, nessas eleições, as pessoas procuram muito mais as agências de checagem do que antes o faziam”, explica a jornalista. Tendo trabalhado em eleições anteriores, ela conclui: “o clima ficou muito mais polarizado. Não só nas notícias falsas de Facebook ou Whatsapp, mas nas falas dos políticos também.”