Aluna da Poli complementa ganhos com venda de refeições fit

Foto: Arquivo pessoal

Por Bruno Menezes

Em uma manhã como qualquer outra, ela já se prepara para pegar os três ônibus que precisa para chegar à Cidade Universitária. O sol ainda nem nasceu, são 5h20 e a primeira aula só começa às 7h30. Leva consigo o usual de uma estudante de engenharia: cadernos, livros, folhas xerocadas, marmitas fit congeladas. O quê?

Desde o fim do ano passado, Larissa Mendes organiza um esquema de venda de refeições na Escola Politécnica, prática que vem se tornando cada vez mais comum pela USP nos últimos anos.

Esse método se assemelha a um tipo de venda ambulante. É constituído por estudantes que oferecem comida caseira a um preço mais acessível e recebem encomendas ou vendem seus produtos pelo campus. Seus motivos são variados, indo desde arrecadamento de dinheiro para um objetivo específico, como intercâmbio ou jogos universitários, até o complemento regular de renda, como é o caso de Larissa.

Além da necessidade pelo complemento na renda, a explicação para fazer uso dessa prática está relacionada com a mãe da estudante, a nutricionista Simone Mendes. Quando ainda trabalhava em um posto de saúde na zona sul, Simone começou a preparar saladas para seus colegas de trabalho após participar de um curso de empreendedorismo, e assim a ideia passou para a filha, que passou a fazer o mesmo na faculdade.

Larissa explica que, atualmente, o pequeno comércio é de muita importância para a renda da família inteira, então precisam se dedicar quase que exclusivamente ao negócio. “Meu pai é professor do estado, então o salário dele sozinho não é suficiente para bancar as contas”, comenta sobre a situação em casa.

Mas, segundo ela, as vendas não têm muito sucesso na USP, e o lucro da empresa criada pela mãe ainda é incerto, o que causa certa instabilidade. Sobre esse cenário de dúvidas, Larissa admite: “A gente tem dificuldade para fazer a organização financeira”.

Mas se engana quem pensa que essas são as únicas preocupações da garota. Vinda de escola pública, suas vendas apenas reforçaram uma condição que ela já percebia desde antes: “Isso evidencia a desigualdade dentro da universidade. Enquanto a gente precisa vender pra se sustentar, tem muita gente que não tem essa preocupação”, explicando que o fato de precisar carregar comida no transporte público, além do material já pesado da sua faculdade, afeta sua saúde mental.