Como o novo presidente da UNE se apresenta?

No dia 13 de agosto, depois de mais um ato pela educação, Iago volta para casa junto aos estudantes / Giovanna Stael

Apresentado em fake news como Thiago Lula da Silva, estudante de ciências sociais explica suas propostas

Por Giovanna Stael

A nova diretoria da UNE, entidade estudantil com 82 anos, foi empossada no início de agosto sob a presidência de Iago Montalvão. O goiano sempre esteve envolvido com o movimento estudantil no grêmio da escola ou no Centro Acadêmico Visconde de Cairu, da FEA-USP, onde o jovem de 26 anos cursa economia, após ter ingressado pelo SISU.

Em entrevista ao JC, Iago Montalvão ressalta que, apesar de ser o representante de um projeto, simboliza algo mais amplo. Para ele, não é possível construir a UNE sem diálogo. “Só de maneira coletiva conseguimos cumprir nossa agenda”.

Um dos itens mais importantes dessa agenda é a representatividade da entidade. Para Iago, ela é dificultada após os anos 2000, quando o número de estudantes quadruplicou: são 7 milhões de jovens e adultos, de diferentes realidades e posicionamentos, espalhados pelo Brasil. A situação é mais complexa neste momento de disputa ideológica, que coloca a UNE em evidência e sob ataque.

Iago pontua dois aspectos importantes: a melhoria na comunicação e o incentivo às organizações de base. “A mobilização é uma grande dificuldade, principalmente na última década, mas à medida que vamos sofrendo ataques e a política se polariza, a situação exige maior organização, e o desejo aumenta. Nosso papel é absorver essa vontade”, explica.

O novo presidente defende a importância de extrair, dos fatos políticos cotidianos, a possibilidade de contato com as pessoas. A nova diretoria aposta em projetos que ajudem a impulsionar o papel da extensão nas universidades para “aproveitar o conhecimento produzido e acumulado como ferramenta de diálogo com a população”.

Num período de descrença na política e nas instituições, há “uma barreira invisível que muitas vezes faz com que as pessoas não se aproximem dos movimentos, por um preconceito socialmente criado e que se impõe na cabeça da população”.

Ainda sobre o contexto brasileiro, “é compreensível que tenha uma galera que diga: ‘ah, se tem partido, eu já desconfio.’ Isso é fruto de uma crise política da nossa conjuntura, não podemos simplesmente negar essa situação e nos isolar de forma arrogante.”