O micro e o macro

 

Quando pensamos no Jornal do Campus, é inevitável imaginarmos que nele estarão matérias sobre… bom, o campus. E falar sobre o ambiente da USP é um grande desafio, pelos seus problemas, importantes pesquisas, projetos de extensão e um ensino de excelência. Retratar o pequeno universo uspiano de forma equilibrada, apontando o que deve ser apontado, focando no que importa para os membros da comunidade da Universidade, não é fácil.

Fácil seria se prender ao “campus”, está no nome, afinal de contas. Mas não é bem assim que a banda toca, ou deveria tocar. É papel do jornalismo tentar traçar um panorama da realidade. Informar, fornecer dados, contar histórias. Mobilizar o debate. Nesse sentido, o JC precisa ter, como dever, um enfoque no micro (a Universidade) e no macro (a sociedade brasileira). Ligar esses dois lados é, provavelmente, o maior desafio que temos.

Mostrar muito da sociedade pode levantar comentários e mostrar demais a Universidade também é criticável. Afinal, como não falar do que acontece fora dos muros da faculdade?

Infelizmente, nesse aspecto, tem ficado mais fácil ligar o que está dentro e fora da USP. O papel da universidade pública tem sido constantemente questionado por integrantes do governo federal. Em um momento como este, é importante não apenas fazer os elos, como também aproveitar o potencial que temos para rebater essas considerações. Não apenas com palavras, mas também com ações. O Jornal do Campus vai exatamente nessa direção.

O que justifica a existência deste jornal? Os recursos que ele consome? Afinal, por que ficar destinando verbas públicas para estudantes de jornalismo montarem-no? Que impacto isso tem?

Para além da contribuição na formação de futuros jornalistas, que estarão o tempo todo, em sua atividade, informando, fornecendo dados, contando histórias, este jornal se justifica ao tentar mudar ou contribuir para debates sobre as necessárias modificações na nossa universidade. 

É importante falar sobre o destino dos resíduos produzidos nos restaurantes universitários do campus central, por exemplo. Ao mesmo tempo, deve-se mostrar que a falta de docentes começa a ser compensada conforme o prometido. Apontar a polêmica em torno do SIBi, mas também apresentar a mobilização estudantil contra abusos em festas, ou docentes que se colocam contra os constantes ataques do Governo à educação e à pesquisa, é nosso trabalho.

Mostrar tudo isso é contribuir para uma USP melhor, e para um melhor uso dos impostos que nos sustentam, rebatendo as críticas da melhor forma possível: com atos concretos. No nosso caso, fazendo jornalismo.