O caminho até a USP está mais familiar

Mãe e filha passam juntas no vestibular e querem ser exemplo para os futuros calouros

Por Tiago Medeiros

Foto: Vital Neto – Jornal do Campus

Todos os anos, a Universidade de São Paulo (USP) recebe milhares de novos ingressantes, de diferentes classes sociais, cidades e idades. Nesse processo, é comum observar na recepção dos calouros a comercialização de camisetas com os escritos “meu bebê passou na USP” e, na maioria dos casos, o sentimento dos pais do ingressante fica restrito ao orgulho e satisfação de ver o filho entrando em uma universidade pública. Porém, a chegada dos novos estudantes nesse espaço universitário em 2020 teve um caso de exceção.

Viviane Rodrigues, aluna do curso de Pedagogia, e Eduarda Rodrigues, aluna de Obstetrícia, são mãe e filha, respectivamente, que compartilham o êxito de terem conseguido ingressar na USP juntas. Além disso, foram alunas do mesmo cursinho popular, e conseguiram suas vagas na Universidade após um grande período de estudo e de acesso a novas informações.

As duas estudantes tratam de deixar claro que se engana quem acha que a história contém apenas duas personagens. Elas reiteram que a presença delas na instituição se deve à ajuda, tanto educacional quanto financeira, de muitas pessoas.

“Preciso citar o nomes da Laura Cristina Souza, professora do cursinho formada em História aqui na Universidade, que me motivou e foi um grande exemplo para que eu pudesse acreditar que era possível estudar na USP, e também do meu irmão, Rodrigo Rodrigues, que foi essencial para que nós pudéssemos prestar o vestibular e nos manter aqui”, conta Viviane.

A trajetória delas também é uma amostra de como o caminho para chegar a uma universidade pública pode ser sinuoso e repleto de adversidades. No caso delas, e de muitos outros, é necessário ultrapassar a barreira da desinformação. Antes de entrar na instituição, Viviane sempre estudou em escola pública e teve uma experiência no IFMG, também no curso de Pedagogia. “Muitos dos meus antigos colegas de curso não têm ciência de que a USP é uma universidade pública e gratuita”, ela afirma.

Duda, como Eduarda prefere ser chamada, passou pelo curso de Enfermagem, em uma faculdade particular em Pouso Alegre, Minas Gerais, sua cidade de origem, utilizando-se do ProUni, antes de tornar-se uspiana. Ela reforça, citando seu curso, que há um problema na veiculação de informações referentes às universidades públicas não chegarem a mais locais e ficarem restritas às grandes cidades.

Antes de vir a São Paulo e ir à Feira de Profissões da USP, a estudante tinha muitas dúvidas sobre o curso de Obstetrícia. “Muita gente não sabe sobre a existência do curso de Obstetrícia. Eu mesma não sabia se tinha mais a ver com Medicina ou Enfermagem, e na verdade, é uma coisa totalmente diferente”, conta Duda.

Agora mãe e filha juntam-se ao grupo de estudantes da Universidade e demonstram querer servir de exemplo para todas as pessoas que tem o desejo de estudar na universidade e, por vezes, sequer sabem que esse sonho é possível.