Alguém tem pólvora para emprestar ao Presidente?

 

por Beatriz Azevedo

Foto: Reprodução/ Rede Brasil Atual

 

O Jornal do Campus é mensal. Desde a última edição, o mundo já é outro: Joe Biden ganhou as eleições americanas em um pleito cheio de turbulências e Donald Trump ainda não aceitou a vitória (nem Jair Bolsonaro). Ainda durante a campanha, Biden tinha mencionado conceder um subsídio de U$20 bilhões para o Brasil com o objetivo de incentivar a preservação da Amazônia, no primeiro debate contra Trump. Quando a vitória foi anunciada, depois de alguns dias de expectativa global, Bolsonaro não apenas não reconheceu como insinuou que o Brasil eventualmente entrasse em guerra contra os Estados Unidos da América. E nós, alunos de jornalismo, tentamos acompanhar.

Nem é preciso comparar em números o tamanho do poder de fogo do Brasil com o dos EUA para saber que nós perderíamos bem feio e rápido. Por sorte, as pessoas não levam a sério o que fala o presidente. As eleições municipais mais do que comprovaram isso.

A vacina, que está sendo testada e produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a empresa Sinovac, teve sua testagem suspensa  neste último mês. Depois de um grande debate se deveria ou não ser “a vacina brasileira”, ela finalmente chegou ao Brasil (à revelia de Bolsonaro). Mas seus testes foram interrompidos, depois de um “evento adverso grave” que o Presidente comemorou: a morte, por suicídio de um dos voluntários. A informação sobre o suicídio teve que ser revelada após o Presidente dizer que a pausa simbolizava sua vitória sobre o governador João Dória. 

Muita politização cerca a vacina desde o princípio. Mas a única coisa que importa saber é se ela é eficiente, se protegerá as vidas brasileiras contra a “gripezinha” que já vitimou, hoje dia 13 de novembro, 164.332 pessoas. Provavelmente, quando você estiver lendo o número vai ter crescido. 

Não podemos esquecer da Nova Constituição chilena, que foi aprovada em plebiscito com participação histórica e vai começar a ser pensada. O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, se aproveitou do acontecimento para dizer que o Brasil deveria seguir o mesmo caminho. 

Mas o que aconteceu no Chile foi uma reação ao neoliberalismo dos chamados “Chicago Boys” — linha de pensamento da qual o ministro da economia, Paulo Guedes, faz parte — e  a diferença é que nosso governo usaria disso para ampliar a proposta neoliberal no nosso país. Um exemplo disso é que, durante novembro, nós também assistimos ao Bolsonaro assinar um decreto que deixaria uma brecha para uma possível futura privatização do Sistema Único de Saúde. Levando os neoliberais brasileiros ao delírio.

Por sorte, o SUS é maior do que Bolsonaro e o presidente teve que revogar o decreto, voltar atrás ele sabe bem como fazer. Além de todos esses acontecimentos, o Pantanal ainda queima, o país ainda tem milhões de desempregados, a pandemia está a todo vapor no país, a Amazônia ainda está sofrendo, com o fim do auxílio emergencial milhões de pessoas vão passar fome e existem ainda outros muitos problemas.