USParmera: conheça o coletivo de palmeirenses da USP

Além de torcer pelo Palmeiras, uspianos se unem na luta política e social

por Júlia Castanha dos Santos

Camiseta USParmera na Praça do Relógio. Foto: João Pedro Barreto/Jornal do Campus

Em 2013, um grupo de alunos palmeirenses, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), criou um grupo no Facebook para marcarem de irem juntos aos jogos do time. O grupo foi crescendo e alunos dos outros institutos da USP passaram a fazer parte, assim como funcionários e ex-alunos. Foi em 2017, então, que eles criaram um grupo no whatsapp e passaram a se organizar como um coletivo de esquerda de palmeirenses.

Luma Vaz, administradora do grupo e formada em Ciências Atuariais na Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA), conta que “hoje, nós nos organizamos política e socialmente também, sempre estamos participando dos assuntos dos coletivos de esquerda do Palmeiras, como o Porcomunas, o Palestra Sinistro. Nós nos posicionamos como um grupo de esquerda, contra o atual governo do Brasil. Percebemos que isso era um ponto de encontro da ideologia de quem estava no grupo e aí, meio que quem não concordava, foi saindo aos poucos, até falarmos ‘aqui é um grupo de esquerda”.

Bandeira USParmera. Imagem/Reprodução: @usparmera.sep

 O coletivo, assim como esses outros que existem, vai na contramão do ideário de muitas pessoas que associam, erroneamente, o Palmeiras e sua torcida, com o fascismo, devido a sua origem: “isso vem da época da Segunda Guerra Mundial, dado que o Palmeiras é um clube que veio da comunidade italiana de São Paulo, então, os rivais começaram a falar que só tinha fascista, porque era de ‘italianinho’, na minha opinião isso é extremamente problemático, você colocar um grupo tão grande de pessoas, num bolo só. Mas isso vem de muito longe, são pelo menos 80 anos com essa história e com o momento atual do país, esse esquerdo-clubismo voltou”, afirma Luma.

O historiador Micael Zaramella, é um uspiano que defendeu em seu mestrado em História Social a tese “O Palestra Itália em Disputa: Fascismo, Antifascismo e Futebol em São Paulo (1923-1945)”, mostrando exatamente essa relação entre o time e a política.

Para Luma, a melhor forma de combater esse ideário da mente das pessoas, é mostrar que a maioria dos palmeirenses não são fascistas e são totalmente contra esse tipo de valor, mas ela entende que é algo difícil, pois é mais fácil falarem ‘clube de italianos, clube de fascistas’. “Mas é um trabalho que vem sendo feito pelos coletivos, que se esforçam para derrubar essa tese, que na verdade, não existe e nunca existiu”, conclui.

Quanto à relação entre o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, e o Palmeiras, ela entende que é extremamente oportunista por parte dele e que a única ligação entre o clube e ele, se dá pelo nome dele, “Jair”, colocado pelo pai em homenagem ao jogador Jair Rosa Pinto. “Eu sei que o Bolsonaro foi na entrega da taça em 2018, mas ele foi muito mais como o presidente eleito, do que como uma pessoa que está dentro do clube, porque ele não tem nada com o clube, ele não é palmeirense, ele foi só pela onda da eleição, que ele acabou entregando aquela taça, que é a maior mancha da história do Palmeiras. E esse ano ele também foi ao estádio, porque ele não pode ser negado dentro do estádio enquanto ele é presidente da República”, explica. 

Cartazes colados nos arredores do Allianz Parque contra Bolsonaro. Imagem/Reprodução: @usparmera.sep

Nas duas vezes em que Bolsonaro foi ao Allianz Parque, houve grande movimentação nas redes sociais e nas ruas ao redor do estádio, contra a presença dele. Vale lembrar, também, que na final da Libertadores de 2021, Bolsonaro afirmou que iria torcer para o Flamengo ser  campeão, mostrando que ele só é Palmeirense quando lhe convém.

O USParmera é formado por alunos, ex-alunos e funcionários da USP, mas participam também alguns “intrusos” que são amigos dos integrantes. Entre os participantes ilustres temos nomes como Mauro Beting, Miguel Nicolelis e Luiz Gonzaga Belluzo. O coletivo conta também com um podcast que aborda assuntos do Verdão e notícias.

Luma deixa um convite: “Todo e qualquer palmeirense da USP, que esteja de acordo com nossos valores e gostarem da nossa ideia, nos sigam no Instagram, nos sigam no Twitter e quando abrir espaço no grupo de Whatsapp, a gente coloca mais gente. Mas quem quiser seguir a gente, nós somos um grupo legal. E Avanti Palestra, a gente luta pelo bem do Palmeiras sempre!”