Da entrada à Universidade até a pesquisa avançada: Inteligência Artificial é realidade na USP

Instituição contabiliza mais de 100 grupos de pesquisa sobre o tema; Center For Artificial Intelligence (C4AI) tem 250 pessoas e explora aspectos básicos e aplicados da área

por Leonardo Vieira

Imagem gerada por IA.

É uma revolução pouco visível, mas está acontecendo. Na Universidade de São Paulo (USP), o uso de inteligência artificial está cada vez mais integrado ao campus, seja por meio da própria vivência universitária  ou dos inúmeros projetos de pesquisa do setor.

Já no processo de entrada na universidade, a IA é utilizada para a correção dos gabaritos da primeira fase da Fuvest e do Enem, para garantir maior agilidade. Outro exemplo é o desenvolvimento de softwares inteligentes para possibilitar que documentações e matrículas sejam feitas a distância e com maior segurança e organização.

A principal universidade da América Latina desenvolve projetos de Inteligência Artificial, e abriga dois centros de pesquisa de grande porte: o IARA (Inteligência Artificial Recriando Ambientes), com sede em São Carlos, e Center For Artificial Intelligence (C4AI), no Inova USP, que conta com o suporte da IBM e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). 

O C4AI congrega cerca de 250 pessoas em variados projetos, da predição de variáveis oceânicas à tomada de decisão sobre distribuição de alimentos. “O compromisso é desenvolver pesquisas no estado da arte em Inteligência Artificial, explorando tanto aspectos básicos quanto aplicados nesta área”, afirma Fernando Osório, coordenador de difusão do C4AI. 

O C4AI também desenvolve estudos sobre o impacto social e econômico da IA e conduz atividades de disseminação de conhecimento e transferência de tecnologia, procurando formas de melhorar a qualidade de vida humana e incrementar a diversidade e a inclusão.

Osório analisa também o uso da IA no dia a dia da USP: “Alguns setores da Universidade já usam (amplamente) ferramentas de IA no dia a dia, mas outros talvez pudessem conhecer melhor”. Segundo o coordenador, existe o risco de se usar  inadequadamente a tecnologia pela falta de conhecimento. Por isso, é de grande importância um “letramento digital”. “Precisamos ampliar a divulgação, a difusão de conhecimentos e o aprendizado sobre este tema tão importante que é a IA”, conclui.

Fabio Cozman, professor da Poli e diretor do centro de Inteligência Artificial da USP, diz que o uso de ferramentas de IA pode ser benéfico como suporte na busca de documentos e processos de geração de respostas factuais ou de sumarização, bem como na geração de figuras ou tabelas.

No que se refere à participação da USP no setor, o professor explica que a universidade tem muitos grupos ligados à área de IA, com projetos de pesquisa. “Em 2018, foi realizada uma chamada de projetos e identificados mais de 110 grupos com interesse em IA.”

Cozman acrescenta que a universidade também é sede de dois centros de pesquisa de grande porte, financiados pela FAPESP com outros parceiros. Um deles, sediado na capital, é o C4AI, que .

A área se destaca também por não sofrer com a falta de investimento: “Pesquisadores da USP têm conduzido pesquisas em IA com significativo apoio da Universidade e de órgãos de pesquisa, bem como trabalhado para transferir o conhecimento gerado para a sociedade”, destaca. “De forma geral, a USP tem tido uma liderança na área de IA há décadas quando consideramos o panorama nacional”.

No que se refere à pesquisa científica e à academia, Osório, do C4AI, comenta que a Inteligência Artificial é algo que já está presente: “Na vida acadêmica, a IA tem contribuído na busca, organização e mesmo na produção de conteúdos, que ajudam no dia a dia dos alunos, professores, funcionários e pesquisadores em geral”. 

Segundo ele, a Ciência de Dados baseada em IA, com o big data, os sistemas de análise de dados, de predição, de classificação e de organização de dados, são considerados como praticamente indispensáveis para a realização de boas pesquisas. “Fazer ciência tem uma forte relação com ‘dados e observações’, e a IA está diretamente relacionada com o tratamento, análise e interpretação de informações e de dados”, destaca.

“A IA pode automatizar tarefas, otimizar processos, criar modelos de previsão e análise de dados, e muito mais do que isso, contribuindo, assim, para ‘ampliar’ as capacidades de produção e produtividade humana, e inclusive, pode ampliar nossa capacidade de geração e interpretação de novos conhecimentos”, enfatiza Osório.