Para onde vamos?

por Dani Alvarenga

Qual futuro queremos para a USP? Foto: Damaris Lopes

Entrar na faculdade é uma grande conquista, sonhamos e lutamos muito para garantir nossa vaga no vestibular. A ideia é que seja o início de um caminho para garantir uma vida melhor. Assim, ao entrar pelos portões da Universidade de São Paulo, estudantes esperam encontrar um caminho para conquistar o futuro que almejam. A instituição é um símbolo de esperança, reforçado por todas as inovações que vemos nos noticiários: pesquisas inéditas que mudam desde as ciências exatas e biológicas até as humanas, alterando a forma como lidamos com o cotidiano. Porém, quem tem a oportunidade de viver a USP sabe que ainda há muitos retrocessos. 

Entre institutos que utilizam Inteligência Artificial, como explica uma das matérias que compõem essa edição, também lidamos com dificuldades que não fazem parte do futuro que queremos: falta de acessibilidade para alunos neurodivergentes, empecilhos para que pessoas trans também possam estar na universidade, falta de professores e sucateamento de cursos importantes para a formação de profissionais qualificados. A USP oferece muito, mas é necessário olhar para o que ainda falta na instituição. A faculdade passou a adotar cotas raciais apenas em 2018 e, apesar de já ser possível ver o impacto desse avanço nas salas de aula, é preciso se perguntar: por que a Universidade de São Paulo, a maior do Brasil e da América Latina, demorou tanto para adotar uma política mais diversa? E quanto tempo precisaremos esperar para que a faculdade se torne um ambiente, verdadeiramente, plural?

Por isso, nesta 534ª edição, o intuito é trazer esse contraste entre o que a universidade é e o que pode ser. Assim, mostramos que, mesmo com tantos avanços, a USP ainda reflete problemas históricos da nossa sociedade. Nela, ainda há dificuldades dos discentes em ser e estar na USP. Como vimos na edição anterior, não basta passar no vestibular, é necessário ficar. Para isso, precisamos analisar que, enquanto a universidade oferece terapia a baixo custo para a população, ela não remunera esses profissionais – e também negligencia as mães que precisam de auxílio e moradia para continuar seus estudos. Enquanto acumula um superávit, possui cursos correndo o risco de deixarem de existir por falta de professores. Para entender como construir uma universidade que permita a permanência, precisamos questionar: qual é o futuro que queremos para a USP?