Com algumas das reivindicações atendidas, o movimento teve sua representatividade contestada
Entidades representativas de funcionários, professores e estudantes da USP consideram vitoriosa a greve do primeiro semestre deste ano. Apenas algumas das exigências das categorias foram alcançadas, mas a Associação dos Docentes da USP (Adusp), o Diretório Central dos Estudantes da USP (DCE) e o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) destacam que os resultados da greve incluem avanços no debate político na universidade e a questão da ação sindical.
Além de conquistas em sua pauta específica, o Sintusp cita outras questões que teriam tornado a greve bem-sucedida. Aníbal Cavali, diretor do sindicato, acredita que a realização de uma greve em um contexto de crise econômica e de possível intimidação dos sindicalistas pela demissão do diretor sindical Claudionor Brandão pode ser considerada uma vitória.
Segundo o presidente da Adusp, João Zanetic , “a conquista foi mais política, no sentido de publicizar o autoritarismo e a falta de democracia”. Para ele, isso expande o debate sobre democratização na USP, principalmente no momento das eleições para reitor.
Júlia Almeida, diretora do DCE, também aponta o surgimento de “uma consciência da necessidade de democratização” em toda a universidade. Ela também destaca que o movimento estudantil como um todo saiu fortalecido, embora as demandas específicas dos estudantes não tenham sido atendidas. “Nós estamos em um outro patamar para a conquista dessas questões”, afirma.
Quem te representa?
Outro ponto levantado pela greve foi a representatividade de entidades como Adusp e DCE. A Comissão de Defesa dos Interessantes Estudantis (CDIE) surgiu durante a greve e questiona se o DCE representa de fato os estudantes da USP. Rodrigo Souza Neves, um dos fundadores da CDIE, acredita que “finalmente os estudantes que se opõem aos métodos de representação do DCE estão se organizando ativamente.”
Júlia Almeida confirma que o Diretório não representa todos os estudantes da USP, mas acrescenta que a sua função é também “suscitar a participação nas questões da universidade.“
Zanetic afirma que a Adusp e as demais entidades representativas acabam representando apenas aqueles que se interessam em debater a universidade.
Enquanto isso…
No contexto da greve, o movimento estudantil lançou uma campanha pela democratização da universidade para o segundo semestre deste ano, que inclui o debate de eleições diretas para reitor. Também foi aprovado o regimento para o X Congresso dos Estudantes da USP.
Sintusp e Adusp pretendem continuar negociando os salários. Segundo Cavali, o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) alegou não poder conceder o incremento salarial exigido devido a um aumento no quadro de funcionários e professores programado para este ano. O diretor sindical ressalta que não foram feitas contratações no primeiro semestre.
Procurada pelo Jornal do Campus, a reitoria não se pronunciou até o fechamento desta edição.
Saldo da greve
Sintusp (Sindicato dos trabalhadores da USP) |
Adusp (Associação dos docentes da USP) |
DCE (Diretório Central dos Estudantes) |
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Exigências |
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Conquistas |
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