Dança movimenta dia-a-dia do campus

(ilustração)“Um, dois, três… Cinco, seis, sete! Não se esqueçam da pausa no 4 e no 8!”. Em uma sala na Vivência da Faculdade de Economia Administração e Contabilidade (FEA), o professor Júnior não deixa os alunos perderem o ritmo da salsa. Ele quer implementar novos estilos ao curso, que hoje ensina apenas forró. “É um ritmo mais popular, mais conhecido. Muitos dançam sem fazer aula”, explica o bailarino. Os feanos são algumas das muitas pessoas que buscam relaxar e se divertir nos cursos pagos oferecidos na Universidade.

Martina, 23, é alemã, filha de brasileira e, desde agosto, estuda Economia, além de praticar dança na universidade. “Adoro dançar, é uma delícia. Pena que na Alemanha ninguém conhece forró”, lamenta.

Esse ritmo também é ensinado no Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), entre outros 12. Segundo Luciane, uma das professoras, muitos alunos largam a cerveja depois de dois meses de aulas. “Eles querem é beber água para conseguir dançar a noite toda”, diz. Juliana, assistente de Júnior na FEA, é um exemplo de como a dança ajuda a fazer amizades. Formada em Artes Cênicas, ela montou um grupo de teatro e dança, junto com seus colegas das academias. “Dançar possibilita um encontro com o seu corpo, que é o instrumento de trabalho do ator”, afirma.

Outros ritmos e idades

Os freqüentadores e pessoas externas à USP podem ter aulas também no Grêmio dos Funcionários da Física, no Ipen, no prédio da Administração da FFLCH, entre outros. “Dançar é maravilhoso, porque mexe com o corpo inteiro e estimula amizades. É relaxante, não é uma coisa que você faz por
obrigação”, diz Benê, que trabalha como técnico na Geografia e usa o horário de almoço para fazer aulas no Centro Moraes Rego, da EscolaPolitécnica, e no Crusp.

Para Benê, a dança de salão é mais  procurada desde que o apresentador Faustão lançou o quadro em que os globais tem que bailar. “Na TV você
vê pessoas de diversas idades, atores mais velhos, que nunca haviam dançado. O bom da dança também é isso, é de 5 a 80 anos, não importa a idade”, conta, com o som de Ray Charles ao fundo.

Sérgio Médici de Eston, professor titular do departamento de Engenharia de Minas e Petróleo da Poli, conhece bem a extensa faixa etária que a dança abrange. Desde 96, ele ensina capoeira a jovens da São Remo e outros ritmos a senhoras mais velhas. “Existe um estigma de que o Politécnico só estuda fórmula, mas  eu sempre conciliei a  dança e a Universidade.  Dei aula de salsa na  Sapo (Semana de  Arte da Poli) e para os  politécnicos no mesmo  dia”, afirma o professor.

As senhoras do projeto de  Sérgio dançam axé, rock,  forró, MPB, mas o ápice da  aula é durante “Emoções”,  de Roberto Carlos, quando  elas cantam e se abraçam.  “Não gosto quando nos  falam ‘Que gracinha!’.  Isso  se fala para uma criança”,  diz Ana Helena, 73.