Copa do Mundo
- Mais que futebol
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A Copa do Mundo prova a alcunha de “país do futebol”, sustenta Fátima Rodrigues, que defendeu a tese Com o brasileiro, não há quem possa! Futebol e identidade nacional em José Lins do Rego, Mário Filho e Nelson Rodrigues na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).
Fátima acredita que o esporte ajudou o brasileiro a valorizar sua identidade nacional no século XX.
A pesquisadora conta que a população sofria de um irremediado complexo de vira-lata, conforme o escritor Nelson Rodrigues expunha em suas crônicas. “O brasileiro era um ser mestiço. E o que se dizia durante muito tempo é que ser fruto dessa fusão de raças significava ser inferior ou com menos capacidade que outras nações que não têm tantas misturas”, comenta a estudiosa.
O futebol ajudou a reverter o complexo, até o Brasil aceitar a miscigenação como parte de sua identidade. “Assim que a seleção ganha em 1958, Nelson Rodrigues vai dizer que o complexo de vira-lata foi por água abaixo, porque um mestiço como o Garrincha, os negros e os mulatos que atuaram na seleção conseguiram levar um futebol bonito e diferente ao topo do mundo”, conta Fátima. “É como se essa valoração negativa da miscigenação ganhasse um valor positivo. Qual que é o valor do brasileiro? É justamente essa fusão de culturas diferentes, de visões de mundo diferente, que fazem a originalidade do Brasil, não só no futebol, mas em todos os campos da vida”.
Porém, a professora Maria Tereza Böhme, da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE), pensa que identificação com a seleção brasileira tem sido cada vez menor. Ela levanta a questão: “Quantos dos jogadores atuam no Brasil?”
Fátima também acha que há poucos jogadores brasileiros que atuam no país e destaca que há alguns que “se tornam ilustres desconhecidos”, pois saem do Brasil muito cedo. Mas ela ressalva: “Tem aquele momento mágico em que parece que uma comunidade se forma e eles viram brasileiros também”.
Festa nacional
Segundo Fátima, o período de Copa se tornou uma festa nacional: “A cada quatro anos, parece que a nação brasileira consegue se unir em torno de um jogo de futebol. É como se fosse um momento mágico em que a nação se faz presente e as pessoas se identificam com os símbolos”.
O ritual em torno do evento é até mais forte do que os outros feriados, como o Dia da Independência. “A data, representa o nascimento da nação brasileira, e não causa tanto impacto quanto a Copa”, diz Fátima.