Ônibus fretado põe alunos em risco

Um ônibus fretado pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), que levava alunos ao trabalho de campo da disciplina “Geografia Agrária”, perdeu uma das rodas traseiras durante o trajeto de volta à São Paulo. Segundo a professora responsável, Valéria de Marcos, o motorista e um funcionário da Ecovias afirmaram, na ocasião, que o ônibus poderia ter sofrido um grave acidente.

A professora formulou um relatório e pediu à universidade que o serviço não fosse pago até que se apurasse a responsabilidade. Em resposta, a Consultoria Jurídica afirmou que tal medida não era possível, uma vez que “não houve assinatura de contrato” e, além disso, “não houve incidente de grandes proporções ou gravidade”. “Caso tivesse havido danos à Universidade, a ausência de instrumento contratual poderia impossibilitar a responsabilização da prestadora do serviço”, segundo o parecer.

Os contratos não são oficializados pois a FFLCH apenas cota três empresas e “contrata” a mais barata, sem processo formal de licitação. O procedimento tornou-se ainda mais recorrente depois que um dos ônibus da Faculdade não foi liberado após a vistoria. Hoje, a FFLCH conta apenas com um ônibus e um microônibus para atender todos os departamentos.

A empresa contratada, Nicola Transporte e Turismo, presta serviços à FFLCH frequentemente pois oferece serviços a custos mais baixos. De acordo com Valéria, a Faculdade estuda a possibilidade de firmar um contrato com uma única empresa, no próximo semestre, que teria que seguir critérios mínimos de segurança. Além disso, o pedido de um novo ônibus já está sendo encaminhado.

Alunos sentiram forte tremor quando a roda caiu; roda solta poderia ter resultado em acidente na via (foto do relatório)
Alunos sentiram forte tremor quando a roda caiu; roda solta poderia ter resultado em acidente na via (foto do relatório)

Irresponsabilidade

A professora Valéria também denuncia uma série de falhas do veículo, percebidas durante os dois dias de duração do trabalho de campo (22 e 23 de maio). “O fato de uma empresa colocar um ônibus nestas condições para atender a universidade, ainda mais conhecendo o nosso trabalho, é, no mínimo, uma grande irresponsabilidade”, diz.

O responsável pela empresa, Jorge Nicola refuta as acusações. Ele afirma desconhecer o restante das irregularidades, diz que o ônibus passa por todos os tipos de revisão e culpa o motorista pelo incidente com a roda. Segundo ele, a mesma roda havia estourado no dia anterior à saída do grupo, e “o mecânico não deve ter apertado os parafusos direito”.

No entanto, Nicola considera que era dever do motorista ter percebido o risco, e ter interrompido a viagem. O funcionário foi demitido no dia seguinte ao incidente.