Inters não contam com ajuda médica

A USP possui 25 atléticas ligadas à Laausp, que levam todos os anos seus times e torcida para campeonatos interuniversitários. Apesar da intensa atividade esportiva, a organização destes eventos não é uniforme e depende, muitas vezes, da estrutura da cidade, do tamanho do inter e de sua tradição. Com isso, não há padrão quanto à disponibilidade de pronto atendimento médico durante os jogos e apenas campeonatos maiores contam com ambulância e profissionais de saúde presentes.

Marco Aurélio, aluno do primeiro ano de arquitetura e goleiro do time de futebol de campo da FAU, quebrou o cotovelo numa dividida de bola no último Interfau, em setembro. Ele conta que não havia ambulância no local. Um dos membros da Atlética chamou por socorro a pedido do técnico e ele foi encaminhado a um hospital público, onde diz ter esperado cerca de três horas pelo atendimento. Além disso, todas as despesas foram custeadas por ele.

O presidente da Atlética da FAU, Fábio Cavaton, explica que na cidade onde ocorreu o Interfau – Conchal, que tem cerca de 25 mil habitantes – não havia atendimento médico disponível porque a cidade é pequena e seria fácil levar alguém até o hospital. Segundo ele, não houve problemas sérios. Além disso, todas as pessoas que vão ao evento assinam um termo de responsabilidade, o que, destaca, não exime a atlética da obrigação de ajudar quem precise em caso de acidentes ou problemas de saúde durante os jogos.

Entretanto, Pérola Papler, fisiatra do Hospital das Clínicas, alerta para a necessidade do atendimento médico rápido e adequado durante as partidas. E cita o exemplo dos jogos de futebol profissionais, que sempre têm atendimento disponível. A demora, explica, pode levar a seqüelas, como ruptura de vasos, e problemas advindos, por exemplo, do posicionamento inadequado do membro fraturado.

A lei municipal 12093/96 torna obrigatório unidades de atendimento médico móveis em estádios de futebol, ginásios esportivos e locais com grande concentração de pessoas. Elas devem conter equipamento completo de primeiros socorros, equipe multiprofissional e dispositivos adequados para remoção, providenciados pelos organizadores. Já a lei estadual 12736/2007 obriga a manutenção de desfibrilador nesses mesmos locais. Atualmente, tramita na Câmara um projeto de lei de âmbito federal, que torna obrigatório atendimento médico em eventos com mais de 10 mil pessoas.

Em alguns dos inters, uma comissão formada por representantes das atléticas fica responsável pela organização; em outros, empresas terceirizadas são contratadas para realizar festas, arbitragens ou segurança. Marcelo Tamaga, vice-presidente administrativo da Laausp, diz que em alguns casos as atléticas consultam a prefeitura e a disponibilidade de atendimento médico depende apenas da estrutura da cidade. Guilherme Yazaki, vice-presidente esportivo, explica que a terceirização é uma tentativa de profissionalizar a organização dos jogos universitários, cujo amadorismo está, em parte, relacionado à falta de investimentos e incentivo.