USP compra navio de pesquisa

O navio Moana Wave substitui o Professor Besnard e retoma pesquisas (foto: Divulgação)
O navio Moana Wave substitui o Professor Besnard e retoma pesquisas (foto: Divulgação)

Em parceria com a Fapesp, a USP vai adquirir um novo navio de pesquisas, o Moana Wave, antes pertencente à Universidade do Havaí. Ele virá substituir o antigo, Professor Besnard, que sofreu um incêndio em 2008. O Moana Wave foi construído em 1973 e tem uma autonomia maior que o Besnard, “o que permitirá pesquisas em oceano profundo, em temas como, por exemplo, a oceanografia da região do pré-sal”, como explica Michel Michaelovitch de Mahiques, diretor do Instituto Oceanográfico (IO) da Universidade.

Desde o incêndio, o navio não foi substituído, pois esperavam reformá-lo. “Entretanto, os custos, em função de sua vida útil, não justificaria o investimento”, conta o diretor. Foi realizada uma vistoria do novo navio em Seattle, da qual participaram, entre outros, Mahiques e Ilson da Silveira, docente do IO. Com patrocínio da Fapesp, ela foi feita pela empresa americana JMS, que faz avaliação para a National Science Foundation. Segundo o diretor, a vistoria foi rigorosa e “o relatório deverá embasar a decisão da Fapesp de aprovar a compra do Moana Wave”. Se ele for adquirido, receberá o nome – sugerido pelo IO – de Alpha Crucis, estrela mais brilhante da constelação do Cruzeiro do Sul, tal qual a que representa o Estado de São Paulo na Bandeira do Brasil.

Além de possuir uma autonomia maior em relação ao Professor Besnard – 70 e 14 dias, respectivamente –, o que permite expedições em oceano profundo, o Moana Wave possui ainda inúmeras vantagens. Com 65 metros de comprimento e dois motores, é maior e mais potente que o navio anterior, que tinha 50 metros e somente um  motor. O professor Ilson acredita que “o Moana Wave encontra-se em excelente estado”.

Além de expedições na região do pré-sal, com o novo navio ainda será possível ir até o Atlântico Sul, desde o Rio da Prata até o Equador.  Esses locais serão fonte de pesquisas de biodiversidade de oceano profundo, estudos climáticos, tecnologia submarina etc. “Isso abre um panorama, não só para o IO, mas também para os Institutos de Biociências, de Geociências, de Astronomia, de Geofísica e Ciências Atmosféricas, da Escola Politécnica, entre outros”, enfatiza o diretor do IO. Ilson é otimista quanto às melhorias na área de pesquisa: “o navio representará um salto enorme de qualidade tanto em sua função de pesquisa como de navio-escola para formação de oceanógrafos”.

Desde 2008, a aquisição de novos dados oceanográficos e diversas pesquisas ficaram comprometidas. O professor Ilson, por exemplo, teve seu projeto interrompido, pois depende fundamentalmente do navio: “O prejuízo foi grande. Interrompemos um ciclo de amostragens e vários projetos submetidos à agência de fomento foram denegados pelo alto custo de uso de embarcação arrendada”. Ele explica que só não houve danos maiores devido a parcerias com a Marinha e a Petrobrás.