Estudantes de Obstetrícia registraram trabalho de parteiras no Brasil, Índia e Nepal no projeto “Mulheres da Terra”, que virará um documentário
Uma viagem de estudantes de Obstetrícia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) que queriam conhecer mais de perto a vida e os saberes das parteiras tradicionais acabou se transformando no projeto “Mulheres da Terra”. A iniciativa inclui uma exposição fotográfica e encontros temáticos. Além disso, o grupo está captando recursos para a produção de dois documentários.
A equipe percorreu 10 mil km filmando e fotografando parteiras pelo litoral baiano, as montanhas da chapada diamantina, o sertão de Pernambuco e o litoral do Ceará, com apoio da Ashoka (organização sem fins lucrativos que fomenta iniciativas de cunho social), através do Programa Geração Muda-Mundo. Mayara Boareto, estudante de Obstetrícia e idealizadora do projeto, conta que a razão principal da viagem, feita em julho de 2011, era fazer o documentário Mulheres da Terra – Raízes do Brasil. “Agora estamos em um momento de captar recursos para conseguir editar o material que temos filmado”, explica.
De dezembro do ano passado a fevereiro de 2012, o grupo viajou para a Índia e para o Nepal, dessa vez com recursos próprios. Tais imagens serão usadas na produção do segundo documentário, Mulheres da Terra – Dos Himalayas ao deserto do Thar. “No Nepal, conhecemos um coletivo de parteiras, que vivem na comunidade dos Gandharbas, músicos tradicionais nepaleses. Também encontramos e entrevistamos muitas parteiras nas montanhas do Himalaia. No Nepal, participamos de alguns partos em um dos maiores hospitais públicos do país”, conta Mayara.
Como um dos resultados da iniciativa, o grupo vai entregar para o Canal Futura uma matéria chamada O Futuro do Nascer. “Entrevistamos o ministro da Saúde, uma parteira tradicional da Amazônia, médicos, enfermeiras, obstetrizes e outros profissionais que falaram sobre a importância do parto natural”, afirma a estudante.
O projeto também deu origem à exposição fotográfica “Mulheres da Terra”, composta de 40 imagens, que fica no hall da biblioteca da EACH até o dia 6 de julho. “Em agosto, a exposição vai para o Centro Cultural Casa Jaya, e estamos articulando com outras unidades da USP, assim como outras universidades públicas e privadas, centros culturais e espaços públicos em geral”, diz Mayara.
A exposição foi orientada pela professora Elizabete Franco, do curso de Obstetrícia, e fomentada pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU). “O objetivo é contribuir para o conhecimento, valorização e preservação do trabalho das parteiras tradicionais”, explica Elizabete. Para a professora, o projeto é importante na complementação do aprendizado obtido no curso de graduação. “Formamos obstetrizes que são parteiras profissionais. Acho fundamental para qualquer profissional, em especial nas áreas de saúde e educação, reconhecer que existem saberes diferentes dos seus, compreendê-los e respeitá-los. Para mim, as parteiras tradicionais fazem parte do patrimônio imaterial da humanidade e há uma função histórica, antropológica e psicossocial no registro e preservação destes saberes”, afirma ela.
“As nossas pesquisas visam compreender a realidade das parteiras, as plantas medicinais que elas utilizam e como elas estão inseridas na comunidade, sempre explorando os aspectos da espiritualidade de cada uma delas”, afima Mayara. Além disso, o “Mulheres da Terra” promove, em parceria com o Núcleo da Vida – Casa Jaya, encontros quinzenais com parteiras, obstetrizes, enfermeiras e médicos da linha da humanização da saúde.
Serviço
Exposição “Mulheres da Terra”
Quando? Até 6/07, das 8h às 21h.
Onde? Saguão do prédio da Administração da EACH
Quanto? Grátis
Tel.: (11) 3091-8813
Email: eventos-each@usp.br