A linha do tempo da greve na USP

Greve foi a maior da história da USP. Clique para ampliar. (Infográfico: Thiago Quadros)

Desde o fim de maio, funcionários, professores e alunos da Universidade de São Paulo estão em greve contra o plano de corte de gastos implantado pelo atual reitor Marco Antonio Zago, que continha a promessa de congelar os salários de docentes e servidores. Como justificativa, Zago coloca o rombo financeiro no qual a Universidade se encontra, dizendo ainda que o gasto com a classe trabalhadora absorveria mais do que 100% do orçamento, dados não comprovados pelo livro de contas da Universidade, que permanece obscuro.

Em mais de 100 dias de greve, os grupos paralisados buscaram um diálogo com a Reitoria, que se negava a discutir uma mudança de posicionamento. A partir daí, vieram novas formas de pressionar a direção da Universidade e chamar atenção para a reivindicação. O Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPE) teve sua entrada bloqueada por vários dias, forçando a Feira de Profissões, que ocorreria no local a ser transferida. Assim como o CEPE, a Reitoria também teve sua entrada bloqueada e um acampamento foi levantado em frente, com diversos cartazes colocados com palavras de ordem contrárias a precarização da Universidade e pedindo negociação contra o 0% de abono salarial.

Fortalecendo ainda mais a greve, o Hospital Universitário (HU) aderiu a ela pela primeira vez em 19 anos, tendo em vista o plano da Reitoria de desvincular o HU e o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais de Bauru (HRAC) da USP e passá-los para a administração da Secretaria Estadual de Saúde. Em reunião do Conselho Univesitário (CO) no dia 26 de agosto, a proposta do HRAC foi aprovada e a do HU foi adiada pelo prazo de 30 dias. Enquanto o Conselho acontecia, estudantes e funcionários aguardavam, em ato, do lado de fora, protestando contra essas medidas.

No início de setembro, em reunião do Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) com o Fórum das Seis, articulação que coordena os sindicatos de docentes e de funcionários técnico-administrativos, as Reitorias da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) fizeram uma proposta de abono salarial de 28,6%, aceita pelos servidores. Zago postergou a negociação até que o CO se reunisse, o que ocorreu na última terça-feira, 16, quando o abono salarial foi aprovado.

por ANA LUÍSA ABDALLA

DEPOIS DE LONGA GREVE, ABONO É APROVADO

de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) no último dia 9, terça-feira, foi reiterada a proposta de reajuste salarial dos servidores em 5,2%, divididos em duas parcelas (ambas de 2,57%, sendo a primeira em setembro e a segunda em dezembro), além de abono de 28,6% referente ao reajuste retroativo à data-base, o mês de maio deste ano.

Marilza Vieira Cunha Rudge, presidente do Cruesp, afirmou em comunicado oficial à comunidade USP que o pagamento de abono seria definido no âmbito de cada universidade, devido a características e condições financeiras distintas. Os reitores da Unesp e da Unicamp aceitaram o pagamento desse abono, mas a reitoria da USP alegou não saber se era possível dar o reajuste retroativo, adiando sua resposta para a próxima reunião de conciliação no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), nessa quarta-feira (17).

O assunto também foi discutido em reunião do Conselho Universitário (CO) na última terça-feira (16), onde se decidiu onde por aprovar o abono somado ao reajuste salarial propostos pelo TRT. A posição também será levada para a reunião de conciliação.
Outro ponto importante para o encerramento da greve na Universidade é a reposição das horas de trabalho durante a paralisação. Os funcionários exigem que cada unidade defina a melhor forma de repor o trabalho, sem a necessidade de horas-extras. A Reitoria se manifestou contrariamente a essa medida, pedindo a reposição do tempo parado. Para os trabalhadores isso é absurdo, uma vez que seriam necessários 13,5 anos para repor os 105 dias de paralisação.

Diante disso, os funcionários da USP decidiram, em assembleia realizada na quarta-feira (10), manter a paralisação, que já dura mais de 100 dias. Docentes da Unesp indicaram o fim da greve para o dia 22, porém aguardam definição sobre a reposição das aulas. Os funcionários da Unesp esperam por assembleias em todos os campi para, então, declarar uma posição oficial.

Os professores da Unicamp, reunidos em assembleia no último dia 11, publicaram uma moção ao CO da USP para que seja concedido o abono salarial e preservada a isonomia entre as três universidades de São Paulo.

por SARA BAPTISTA e PEDRO PASSOS