ECA adota Sisu para o próximo ano

Escola reservou 81 vagas para estudantes que realizarem o Enem neste ano
sisueca
Reitoria ocupada no dia 16, quinta, em ato que reivindicava cotas (Foto: Jeferson Gonçalves)

A Escola de Comunicações e Artes (ECA) optou por oferecer reserva de vagas aos ingressantes pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), plataforma de ingresso ao ensino superior através do Exame Nacional do Ensino Médio  (Enem). Ao todo, a ECA vai disponibilizar 81 das 270 vagas em sete dos seus cursos de graduação: Licenciatura em Educomunicação, Biblioteconomia, Editoração, Jornalismo, Relações Públicas, Publicidade e Propaganda e Turismo.

Cerca de 42% das vagas oferecidas pelo Sisu serão destinadas para alunos que se enquadrem no grupo PPI (pretos, pardos e indígenas). No caso de Jornalismo, 18 das 60 vagas serão oferecidas pelo Sisu, sendo que 16 delas serão voltadas para alunos que cursaram o ensino médio em rede pública e 8 a alunos pretos, pardos e indígenas. A proposta foi aprovada dentro do departamento do curso e levada para aprovação pela diretoria de graduação da unidade. O curso de Editoração vai oferecer 5 das suas 15 vagas para o Sisu.

A ECA teve dois dos cursos com vagas ofertadas pelo Sisu Jornalismo (10º) e Publicidade e Propaganda (8º) entre os dez mais concorridos no último vestibular. Para Catarina Silva Ferreira, aluna do segundo ano de Jornalismo, o Sisu pode ajudar a democratizar o ensino na USP. “Apesar de o Enem também não ser fácil, ele assusta menos.Temos muito mais contato com o Enem do que com a Fuvest, recebemos bem mais informações sobre o Enem durante a escola. Eu por exemplo só soube como funcionava a Fuvest (o esquema de primeira e segunda fase) depois de conversar com um amigo de fora da Etec e isso foi no final do terceiro ano”, declara a estudante.

Professor do Departamento de Jornalismo e Editoração, Vitor Blotta diz que o Sisu não só permite o acesso de pessoas representantes de grupos historicamente excluídos, como indígenas e negros, mas também oferece uma abertura para que o Enem garanta o acesso direto à Universidade. Para ele a medida é importante para a ECA e para a USP como um tudo, pois representa avanço nas políticas afirmativas, especialmente aos candidatos que tiveram condições sociais e culturas desiguais.

 

Pelo Sisu

Aluna do primeiro ano na Faculdade de Direito da USP (FD) e ingressante via Sisu, Bárbara Bentivegna acredita que todas as unidades deveriam adotar este sistema de seleção, principalmente aquelas nas quais a renda per capta é maior. Ela usa como exemplo a FD e a Pinheiros (Medicina), explicando que na FD o número de alunos provenientes dos colégios particulares é expressivamente maior do que daqueles dos colégios públicos.

Bárbara vê como uma desvantagem neste processo o sucateamento, por parte do Governo, do ensino público. Para ela, o Sisu é uma ótima medida a curto prazo, mas o ideal seria que o ensino público se equiparasse ao privado. “Acho a atuação do Sisu na Faculdade de Direito bastante importante justamente para mudar esse quadro de que a FD é faculdade de rico, afinal, é uma faculdade publica”, pondera a estudante.

Para Vitor Blotta, a Universidade poderia aumentar o número de vagas neste formato, ou mesmo incluir um sistema de cotas no vestibular. Ele destaca que uma outra questão importante à discussão é o monitoramento e o auxílio dessas políticas, que devem atender a uma questão tanto redistributiva quanto identitária dos indivíduos que entram por esse sistema de seleção. O professor declara que as turmas que entram na USP não correspondem à diversidade racial e étnica do país e conclui “nos dois anos em que estou na graduação da ECA já pude notar aumento da diversidade, especialmente econômica, menos racial”.

Pelas cotas

Como uma das principais pautas da atual greve na Universidade, o debate das cotas se intensificou nos últimos dias. Na última quinta-feira (16), estudantes ocuparam uma área da Reitoria em Ato Pro-Cotas no vestibular durante a reunião do Conselho de Graduação, que discutia propostas para aumentar a inclusão social na USP.

Por Jeferson Gonçalves