Alunos da Poli Santos criam cursinho popular

Voltado ao vestibular, AtuaMente é coordenado por estudantes do curso de Engenharia de Petróleo

cursinho Santos
foto: Flávio Ismerim

Alunos do curso de Engenharia do Petróleo da Escola Politécnica, oferecido em Santos, abrem curso pré-vestibular gratuito na cidade. Quatro amigos se juntaram na fundação e hoje administram o AtuaMente – que se junta ao Cardume, da Unifesp, como únicos cursinhos populares da cidade de Santos.

A ideia surgiu em 2015, quando Caroline Nascimento dos Santos ingressou na USP após três anos de tentativas. Ela sonhava em ser professora do Cursinho da Poli, onde estudou, mas que só funciona na cidade de São Paulo. Então, aconselhada por professores do cursinho, conversou com outros três amigos que já tinham experiência com projetos parecidos e começaram a se organizar para montar uma estrutura que hoje possui 22 professores voluntários e atende a 15 pessoas no total.

O processo seletivo dos alunos foi composto por uma avaliação e uma conversa. “A prova é mais para saber o nível que defasagem que eles têm e a entrevista é para conhecer a história de cada um”, esclareceu Caroline. O projeto foi divulgado na televisão local e as aulas começaram no dia 2 de maio com 30 alunos vindos de várias cidades da Região Metropolitana da Baixada Santista.

Financiamento

O AtuaMente recebe apoio da Poli Santos e do Poli Cidadã (programa de Engenharia Social da Poli). Enquanto a Universidade cede giz e libera o uso das salas de aula e dos projetores, o segundo dá workshops e auxilia na impressão dos simulados.

“A gente conversou com o Diretor da Poli, José Roberto Castilho Piqueira, e ele forneceu para a gente uma sala e toda a infraestrutura pra montar a nossa biblioteca”, aponta.  Diante da dificuldade na obtenção de verba, Carolina afirma que o objetivo para o próximo ano é conseguir um CNPJ, o que possibilitaria ao projeto receber doações de empresas.

Pedro Andrade, aluno da Poli Santos e professor de química do projeto, conversou com a coordenadora do curso de Engenharia do Petróleo, Patrícia Matai, que indicou que o AtuaMente poderia usar os materiais e equipamentos do curso necessários para o experimento. Pedro acredita que, ao visualizar o processo, os alunos vão conseguir se aproximar mais da matéria e ter mais domínio sobre ela.

Defasagem

A diferença entre o conteúdo dominado pelos alunos vindos do ensino público e o que é cobrado no vestibular é classificada por Caroline como absurda. “Algumas pessoas largaram o cursinho porque tinham de trabalhar, porque não tinham dinheiro para pagar a condução. Mas teve gente que saiu dizendo que não estava conseguindo entender o conteúdo”, diz.

Sara Cristina Batista, aluna do AtuaMente, compara o modelo do curso pré-vestibular popular ao convencional e diz que o primeiro compreende melhor as dificuldades do aluno vindo de escola pública, se preocupa mais com esse fator e busca observar cada aluno individualmente. “No convencional, eles esperam que você já venha pronto”, reclama Sara, que sonha em cursar Ciências Politicas.