Evento pretende inspirar outros institutos da USP a também discutir sobre sexualidade e gênero
Organizada pela Frente PoliPride, a Semana da Diversidade Sexual e de Gênero da Escola Politécnica (SEDEP) chegou em sua segunda edição com palestras sobre história, saúde e militância, mesas de debates sobre diversidade e inclusão e workshops com empresas que contam com políticas de inclusão LGBT, como BCG, Goldman Sachs, Bloomberg, Dow e HPE. O evento, que aconteceu entre os dias 24 e 27 de outubro, contou com o apoio da Secretaria de Saúde e da Diretoria da Escola Politécnica e atraiu alunos, professores e funcionários.
Um dos objetivos da SEDEP, além de promover a discussão e dar visibilidade às causas, é fazer com que as pessoas se sintam mais confortáveis e confiantes em serem LGBT’s abertamente dentro da Poli e da Universidade, tanto na conquista desse espaço para os futuros ingressantes, quanto na afirmação dos que já estão inseridos nesse meio mas não se sentem à vontade em um ambiente conservador. Para tal, convidou para suas mesas palestrantes como Eduardo Suplicy, ex-secretário municipal de Direitos Humanos, Daniela Andrade, militante transfeminista e Michelle Mendonça, pesquisadora da PUC-SP sobre binarismo de gênero e construção de padrões na infância. “Três pilares de importância na escolha dos palestrantes eram o conhecimento e a vivência dos palestrantes, a visibilidade que esse palestrante dá ao nosso evento e representatividade: colocar uma mulher negra lésbica na nossa história e identidade LGBT, trazer uma pessoa HIV positiva na questão de DST, trazer uma pessoa trans para debater essa questão” diz Cezar Vieira Souza, organizador do evento.
Para ele, houve evolução não só de crescimento estrutural do evento, em questão de divulgação, visibilidade e número de participantes, mas também de pautas. “Ano passado, quando o evento surgiu, a gente deu o apelido de “ABC LGBT”, porque ele militava nessa questão de instruir o que era diversidade, o que é a letra T, por exemplo, que muita gente se questiona e não tem muito conhecimento nem contato. E esse ano a gente quis dar um passo à frente, eu brinco que é o “DEF”. A gente toca em questões mais complexas e mais aprofundadas, como a intersecção da questão negra com a questão LGBT, as DST’s, a militância dentro da Universidade”, explica. Com um aprofundamento em temas relevantes e ao mesmo tempo invisibilizados, a SEDEP amadureceu na sua programação, permitindo que mesmo um público já inserido nas questões LGBT possa aprender e, até mesmo, se consultar. No último dia, os participantes puderam realizar testes-rápidos de positividade HIV e receber orientações com a Unidade Básica de Atendimento Móvel da Prefeitura de São Paulo.
“É muito importante que exista esse espaço de discussão. Muitas pessoas entram sem ter qualquer conhecimento de diversidade, ou até entram se conhecendo. [Para elas] encontrar um evento desse é importante para o sentimento de pertencimento dentro da Universidade”, diz Armando Moreira Nader, aluno da Poli e membro da PoliPride.
Assim, a organização do evento pretende incentivar que cada instituto tenha eventos que possam pautar a diversidade como um assunto relevante dentro da sua própria individualidade. Nas palavras de Cézar, “queremos que a SEDEP sirva de inspiração para outros institutos e outras faculdades. A militância não é um problema, é uma solução. Militar dá trabalho, cansa, mas a gente já pode perceber desde a primeira edição da SEDEP que houve resultados dentro da Poli e que conseguimos ter uma evolução no sentido de maior aceitação da diversidade aqui dentro. Então, militem!”