Núcleo interdisciplinar do Instituto de Estudos Brasileiros organiza segunda jornada sobre música
Por Iolanda Paz
Por meio de quatro mesas com 12 palestrantes, a II Jornada de Estudos Interdisciplinares sobre Música do IEB aconteceu nos dias 5 e 6 de outubro. A primeira edição foi em 2015, quando surgiu como uma demanda dos alunos por um evento que debatesse música. Dessa vez, o tema escolhido foi Música e Política, e participaram da organização Virgínia Bessa, Pedro Fragelli, Camila Frésca e Danilo Ávila, integrantes do Núcleo Música e Ciências Humanas.
Segundo Pedro, há o plano de que a cada dois anos ocorra uma nova jornada, para que a discussão sobre música e ciências humanas se expanda para fora do núcleo. O primeiro dia do evento contou com as mesas Música e Feminismos e Música Popular e Política, enquanto o segundo com Música e Revolução e Dimensões Políticas da Música Contemporânea Brasileira.
Na mesa sobre feminismos, Isabel Nogueira – compositora, musicóloga e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – falou sobre questões de gênero na música e os diferentes níveis de aceitação social para a prática musical de mulheres. Isabel disse que, quanto mais próximo um trabalho está da criação e da intelectualidade, mais uma mulher é silenciada, como se estivesse ocupando um lugar proibido. Intérpretes, por outro lado, costumam ser mais aceitas no mundo da música.
Na mesa sobre música popular, a cantora e compositora Luedji Luna problematizou o lugar da mulher negra na música brasileira e falou sobre a dificuldade de terem visibilidade. Ainda, apresentou a Palavra Preta, mostra nacional de negras autoras que ocorreu em Salvador e da qual fez parte da produção. Luedji explicou que o objetivo foi proporcionar um espaço de compartilhamento da produção cultural de mulheres negras, que, muitas vezes, sofrem de crise de referência por não terem onde se espelhar.
De acordo com Virgínia, o evento conseguiu fazer uma ponte entre a academia e o que está fora dela: em todas as mesas, acadêmicos e militantes foram reunidos. Como explica Pedro, o tema dessa edição teve o propósito de aproximar a política dos estudos universitários sobre música. Além disso, o organizador acredita que o momento atual do Brasil pede uma reflexão sobre o papel político dessa arte.
Fora os eventos que realiza, o núcleo Música e Ciências Humanas possui outras duas frentes de atuação: publicar traduções e fazer encontros para discussão de textos. Essas reuniões são abertas aos interessados e ocorrem quinzenalmente, na sala 49 do IEB, às duas horas das tardes de segundas-feiras. O núcleo faz parte do Laboratório Interdisciplinar (LABIEB) e tem como propósito pensar as intersecções entre, por exemplo, música, história, filosofia, ciências sociais e literatura.
IEB, às duas horas das tardes de segundas-feiras. O núcleo faz parte do Laboratório Interdisciplinar (LABIEB) e tem como propósito pensar as intersecções entre, por exemplo, música, história, filosofia, ciências sociais e literatura.