Conheça os laboratórios “diferentões” da USP

Eles se escondem dentro dos vários institutos nos campi, e até mesmo em outros estados! 

Por Breno Deolindo e Rafael Battaglia 

A pesquisa é um dos três pilares da Universidade, juntamente com ensino e extensão, e é um dos quesitos mais levados em conta nos rankings internacionais das instituições de ensino. Por isso, investir em locais de trabalho bem equipados é tão importante para o prestígio acadêmico, e algumas instalações acabam sendo inteiramente destinados a experimentos.

Atualmente, a USP é dividida em 51 unidades espalhadas por São Paulo, além de mais dois centros no resto do país – todas produzindo conteúdo acadêmico para diversas áreas da Ciência. O Jornal do Campus foi atrás de alguns desses locais e listou quatro dos mais incríveis: indo de um reator nuclear a uma fazenda no Paraná. Confira.

Fazenda Figueira

Imagem: FEALQ Fotos

Localizada em Londrina, no Paraná, a Fazenda foi doada à Fealq (Fundação de Ensinos Agrários Luiz de Queiroz) por Alexandre Von Pritzelwitz, em 2000, um mês antes da sua morte. A Fealq é uma instituição privada destinada a apoiar o desenvolvimento científico na Esalq (Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz), a alma mater de Von Pritzelwitz.

O ex-aluno doou a propriedade de 3,7 mil hectares sob algumas condições: que o espaço se tornasse um centro de pesquisa agropecuárias e funcionasse como referência para essa indústria.

Por meio de uma estação experimental, os cientistas da Fazenda separam a pesquisa da área destinada ao comércio. Caso os experimentos obtenham sucesso, eles são aplicados para o restante  dos hectares.

Com uma mentalidade voltada à auto-sustentabilidade, a Fazenda Figueira é reconhecida nacionalmente como um modelo a ser seguido no mercado agropecuário, além de ter sido classificada como Grande Propriedade Produtiva pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária em 2015.

Reator Nuclear do IPEN

Foto: Galeria de Imagem IPEN

Parece ficção científica, mas a Cidade Universitária tem um reator nuclear em suas dependências. Ele fica no Instituto de Pesquisas Nucleares (IPEN) e é utilizado para controlar as reações de fissão nuclear, que liberam altíssimas quantidades de calor e radiação.

Um de seus principais objetivos é a síntese de isótopos radioativos que serão aplicados na medicina, em tratamentos de doenças como o câncer de tireoide, neuroblastomas e outros tipos de tumor.

O reator é do tipo piscina, o que significa que seu núcleo, onde ocorrem as reações, é cercado por água desmineralizada num tanque de seis metros de profundidade. A água impede que as radiações emitidas alcancem a superfície, mantendo os arredores da máquina seguros para circulação dos cientistas.

O belo brilho azul emitido pelo reator é motivado pelas reações que nele ocorrem. Ele é denominado Efeito Cherenkov e acontece quando uma partícula eletricamente carregada tem velocidade mais rápida do que a luz naquele meio. Durante esse fenômeno, a energia eletromagnética pode ser liberada em forma de luz azul visível.

USP em Rondônia?

(Foto: Agência DPZ/ CB)

Se você for visitar o norte do país, melhor levar a sua carteirinha. A USP possui um centro avançado de pesquisa em Monte Negro, cidade localizada a 250 km de Porto Velho, vinculado ao Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e que se propõe a promover assistência médica à comunidade local e a desenvolver pesquisa ligada à doenças tropicais, como a malária, a toxoplasmose e a Doença de Chagas.

Estabelecido em 1997, o ICB5 é equipado para receber até 50 pessoas, em uma infraestrutura que conta com laboratórios, insetário, auditório, alojamento, ambulatório médico e um centro de saúde bucal, construído em parceria com a Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP) para o tratamento odontológico e fonoaudiológico gratuito da população.

Quem cuida do Centro Avançado de Pesquisas em Monte Negro é o Departamento de Parasitologia do ICB, que também montou um laboratório de campo no Acre, em 2004, e um na Bahia, desde 2010, para estudos sobre mosquitos geneticamente modificados.

Odontologia Forense

Imagem: Marcos Santos/USP Imagens

A Cidade Universitária conta com um laboratório de perícia criminal.O OFLab – Laboratório de Antropologia e Odontologia Forense foi criado há 20 anos e surgiu para atender à solicitações de diversos órgãos de São Paulo, como o IML, juizados da infância e delegacias especializadas para a identificação de vítimas com base nas arcadas dentárias encontrados.  “Atuamos, sempre de forma gratuita, quando somos solicitados para a colaboração de casos na área civil e criminal”, explica o professor Rodolfo Melani, idealizador e coordenador do laboratório.

Localizado no Departamento de Odontologia Social da Faculdade de Odontologia (FOUSP), o OFLab também realiza o trabalho de reconstrução facial e conta com um banco de dados com mais de 150 crânios, que serve para estudos em antropologia forense. Ali se desenvolve  pesquisa e a capacitação de profissionais da área, como pós-graduados, odontolegistas e especialistas que estudam a área.