Um em tempo real, outro anual: os dois sistemas de monitoramento da Amazônia

As margens de erro existem, mas estão dentro do previsto, portanto não atrapalham o monitoramento

Por Maria Eduarda Nogueira

O monitoramento do desmatamento na floresta amazônica é realizado pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde 1988, através do Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes). Ele gera um relatório anual do desmatamento, usado oficialmente como dado sobre a perda de floresta primária no Brasil. “É o que governo brasileiro usa como referência para fazer negociações de política climática”, explica Cláudio Almeida, funcionário do Inpe e coordenador do Programa Amazônia. 

Outro sistema foi desenvolvido em 2004, a pedido do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama): o Deter, Detecção do Desmatamento em Tempo Real. Alvo de críticas recentes, o Deter oferece dados para o Ibama diariamente. O objetivo é oferecer melhorar a fiscalização, já que o relatório anual do Prodes não permite ao órgão tomar ações imediatas. 

No entanto, o Deter “não é um sistema de medidas, mas um indicador de tendências”, diz Almeida. Ou seja, o uso de dados desse sistema para fazer comparações de desmatamento não oferece informações completamente precisas, mas indicativos suficientes para perceber, rapidamente, onde estão derrubando a floresta. 

O desmatamento varia conforme a época do ano e o Deter tem uma margem de erro relativamente maior que a do Prodes. O primeiro tem 12% de possibilidade de errar, enquanto a probabilidade diminui para 5% no segundo.

Os satélites usados pelo Inpe variam conforme o evento a ser mensurado. Isso significa que, para áreas grandes como a da Amazônia, a resolução das imagens é em torno de 64 metros, o suficiente para detectar o desmatamento. Tecnologias com resoluções mais detalhadas estão disponíveis, mas ofereceriam mais dados do que o necessário para o monitoramento.

“Ao longo de 30 anos do Inpe, nossos sistemas foram evoluindo à medida em que surgiram novas capacidades internas de processamento. Hoje ele oferece uma boa resposta em termos de fiscalização, mas é óbvio que é possível melhorar o sistema”, pontua Almeida.

Prodes x Deter

Prodes

Detecta áreas maiores de 6 hectares

3 satélites usados

Informações através de um relatório anual

Dado oficial de desmatamento

Deter

Detecta áreas maiores de 25ha

2 satélites usados

Informações diárias para o Ibama

Indicador de tendências de desmatamento