Propriedades antidepressivas são geradas por diversos fatores hormonais e por mudanças de rotina e convívio social
Por Diego Bandeira
Que o esporte proporciona enormes benefícios à saúde, não é novidade. Mas além dos aspectos físicos e estéticos mais óbvios, as atividades físicas têm se tornado uma das maiores aliadas no combate à depressão.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas sofrem com o problema, que será, até 2020, a doença mais incapacitante do mundo, ainda de acordo com a Organização. Assim, tanto para o tratamento depressão quanto para sua prevenção, a dica é literalmente suar a camisa.
A prática esportiva faz com que organismo libere dois hormônios essenciais para o tratamento da doença: a endorfina, também conhecida popularmente como “hormônio da alegria”, que produz sensação de prazer e euforia, e a dopamina, responsável por promover efeitos analgésicos e tranquilizantes.
Estudos também mostram que atividade física estimula o crescimento de células nervosas no hipocampo, região do cérebro que responsável pela memória e pelo humor. Além disso, exercícios ao ar livre também promovem a produção da serotonina, um importante neurotransmissor atuante na regulação do humor e da temperatura corporal.
Esse conjunto de fatores fazem com que o esporte tenha propriedades antidepressivas que, aliadas aos medicamentos e outros tratamentos convencionais, tendem a otimizar os procedimentos de cura e prevenção.
Mas as propriedades antidepressivas do esporte não se resumem apenas a liberação de hormônios. Além da parte química, a atividade física oferece oportunidades de envolvimento social, aumenta a qualidade de vida e a autoestima, e promove uma mudança no hábito cotidiano do doente, fator fundamental no combate à doença.
Depressão e esporte no cotidiano do universitário
De acordo com pesquisa realizada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, 70% dos alunos de instituições federais no Brasil sofrem de algum tipo de dificuldade mental ou emocional — como estresse, ansiedade ou depressão. Além disso, segundo a psicóloga Fernanda Mayer, da Universidade de São Paulo (USP), os índices de depressão entre estudantes de medicina chegam a 41%.
Dentre as principais causas para o fato estão a insegurança sobre o futuro, a pressão por um bom desempenho acadêmico e profissional, além do cansaço e da irritabilidade.
Portanto, há uma preocupação cada vez maior sobre o tema e sobre a possibilidade de suicídio, que segundo a OMS, já é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Então, o esporte ganha novamente um papel fundamental.
Uma universitária que virou exemplo notório de superação foi Larissa Paiva, que estudava educação física na Universidade Federal do Triângulo Mineiro quando foi acometida pela depressão. O receio de tornar-se dependente aos remédios despertou na garota o interesse pelo ciclismo. A partir disso, a estudante recuperou a paixão pela vida, o ânimo, o emprego e terminou o curso na Universidade. Mas não parou por aí. Desde então, Larissa tem o ciclismo como profissão e coleciona medalhas em diversas competições de mountain bike pelo país.
O apoio profissional não só é importante, como imprescindível, mas, em meio a todos os hábitos que podem contribuir para uma vida mais leve e prazerosa, não há dúvidas que o esporte ocupa um lugar primordial como um dos principais fatores no combate à depressão.