Time LGBT põe representatividade em campo

Formado apenas por “não héteros”, primeiro time LGBT participa do Intereca

Por Ligia Andrade

Crédito: Catarina Couto

No primeiro domingo de outubro, times femininos e masculinos de futebol da ECA participaram do Intereca, campeonato voltado aos alunos e ex-alunos da Escola de Comunicações e Artes da USP. O local escolhido para as partidas foi o Planeta Bola Esportes, no Morumbi. Até 10h30 da manhã, quando o evento começou, as quatro quadras de futebol estavam preenchidas por homens. Fora delas, também.

Cenário corriqueiro em nossa sociedade, o futebol como espaço masculinizado passou a ser questionado por um grupo de alunos LGBT da Universidade de São Paulo. Alef Castro, aluno de Educomunicação e um dos fundadores do time, conta que o intuito do Don’t Call Me Hétero (nome baseado na música Don’t Call Me Angel), além de revolucionar o Intereca, era também se divertir em campo e fazer do esporte, predominantemente “hétero”, um lugar acolhedor para as pessoas LGBT. 

Foi assim que o time nasceu com 11 integrantes de diversos cursos da ECA, dos quais todos eram “não héteros” e a maioria era negra. Por fazerem parte de uma minoria social, a Ecatlética adotou a iniciativa de diminuir o valor da participação do Don’t Call Me Hétero na competição. 

Apesar de não terem passado da primeira fase, os jogadores conseguiram atingir a meta de um gol na terceira partida, e receberam como prêmio um “shot” (nome dado a um certo volume de bebida) para cada integrante.

A perspectiva de Alef Castro para o time é levá-lo para a Atlética da ECA, onde seria encaixado na modalidade masculina: “Infelizmente há essa segregação no esporte. Esperamos encorajar os não héteros da ECA a participar de um esporte predominantemente hétero e ocupar espaços”.