Elas foram cobaias da primeira pesquisa nacional de aplicação de vacinas por dardos
Por João Vitor Ferreira e Laura Scofield
Mesmo que sua chegada não tenha sido planejada, as capivaras que hoje vivem na USP também contribuem com a universidade. Em função de serem animais de vida praticamente livre, semelhante aos encontrados em ambientes naturais, são bons exemplos para serem estudados. Assim, são utilizadas para várias pesquisas, em especial aquelas relacionadas ao controle dos animais e à análise de suas vidas reprodutivas.
A pesquisa de Derek Rosenfield, parte do programa de Pós-Graduação do Departamento de Reprodução de Animais Silvestres, trata disso. Foi a primeira pesquisa nacional feita a partir da aplicação de vacinas de ação hormonal por meio de dardos – ou seja, os animais podem ser atingidos à distância.
A vacina age nos nervos superiores, que controlam a ação das gônadas ou glândulas relacionadas ao comportamento sexual. A partir de uma cascata de ocorrências fisiológicas, os animais, sejam fêmeas ou machos, têm sua vida reprodutiva interrompida para controle populacional.
Outras pesquisas são feitas com as mesmas capivaras. Isso explica a falta de pelos em algumas delas, em função de uma técnica chamada Tricotomia, também relacionada ao controle reprodutivo. Tirar os pelos é parte do processo cirúrgico que ocorrerá logo adiante. Neste caso, a castração é feita por meio de uma técnica mais invasiva: a retirada dos ovários da fêmea.
Sobre o pesquisador
Médico veterinário, o norte-americano Derek Rosenfield, segundo consta em sua página na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pesquisa controle das populações selvagens, ferais e pragas, através de métodos contraceptivos reversíveis para uso in-situ e em cativeiro, com ênfase em conceitos de imunocontracepção. Também estuda medicina em animais silvestres.