Após mais de quatro décadas de usos alternativos, velódromo da USP se encontra inutilizado

Espaço, que reside na memória dos antigos universitários, recebia eventos com quase cinco mil pessoas

 

por Emylly Alves

Foto: Sérgio Souza

 

O velódromo da Universidade de São Paulo (USP), localizado na Cidade Universitária, é um gigante de aço e concreto com 285 metros de pista. Inaugurado em junho de 1977, foi construído para os Jogos Pan-Americanos de 1975, que foram transferidos para a Cidade do México por causa de um surto de meningite no Brasil.

Desde o início dos anos 1990, o velódromo não sedia um evento oficial de ciclismo ou de qualquer outro esporte. Nas duas décadas seguintes, a estrutura passou a abrigar festas universitárias, que aconteciam quase que semanalmente e reuniam aproximadamente cinco mil pessoas.

Usos alternativos do local

Anualmente, as nove entidades acadêmicas da Escola Politécnica (Poli) costumavam promover cerca de oito festas no velódromo. O espaço também foi sede da FestECA, tradicional festa da Escola de Comunicações e Artes (ECA), por dois anos. 

No entanto, em 2014, após a morte do estudante Victor Hugo Santos, que desapareceu enquanto participava de uma festa no velódromo, o Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp) proibiu a realização de festas no local.

Com a medida, as organizações estudantis tiveram que transferir seus eventos para outros locais fora da Cidade Universitária. Atualmente, a parte inferior do local abriga a administração do Cepeusp, a sede da Liga das Atléticas Acadêmicas da USP (Laausp) e uma academia.

Elefante branco

Apesar de ser o único espaço de toda a cidade de São Paulo construído para a prática do ciclismo de pista, gestores defendem não ser viável, dos pontos de vista técnico e econômico, a revitalização do atual velódromo. Alguns projetos nunca saíram do papel, como por exemplo, o da criação de uma arena multiuso para receber atividades esportivas e culturais da universidade

Dessa forma, abandonado e sem manutenção, o local serviu, até o início da pandemia, de espaço para treinos de handebol e futsal na quadra improvisada na parte interna da pista. 

“A USP ganhou isso daqui, não era para a universidade. Então, não justificava nós ficarmos sustentando um negócio que não nos dava nada. As quadras que eram boas, nós utilizamos sempre. Com o tempo, foi se degradando. E assim chegamos ao ponto em que estamos”, afirmou Emílio Antonio Miranda, diretor do Cepeusp desde 2014.

Lugar de memórias

“As festas no velódromo eram históricas”, diz Luis Viviani, que cursou História e Jornalismo na USP. Ele frequentou festas no local de 2008, quando entrou na primeira graduação, até 2014, ano em que foram proibidas no espaço. Das memórias do lugar, o ex-universitário lembra de ver o chão repleto de pessoas sentadas ao final de cada festa.

Rafael Medeiros, morador da região do Butantã que frequentou os eventos no velódromo durante anos, afirma que as festas no espaço eram muito animadas: “era tanta gente que se formavam filas imensas”. 

Ele afirma que sente falta dos eventos no velódromo, já que “no campus, a gente se sente mais seguro e é mais perto para os alunos. Não tem outro ambiente para festas tão grandes dentro da USP”, defende.

Imponente e decadente, o velódromo recebeu durante duas décadas diversos eventos. Fontes extraoficiais afirmam que a locação do espaço custava cerca de R$ 50 mil. Relembre alguns shows que ocorreram no local: