Memórias do alto mar

As histórias do primeiro navio oceanográfico brasileiro

Era o ano de 1967, e saía da Noruega, mais especificamente de Bergen, o primeiro navio oceanográfico brasileiro, batizado de Professor Wladimir Besnard. A viagem que trouxe tal navio para o Brasil foi um cruzeiro que ficou conhecido como “Vikíndio”, pois o navio saía da terra dos Vikings em direção às terras tupiniquins.

“Desde o início ele se engajou numa série deprojetos, o projeto de maior visibilidade que ele participou foi o Proantar (Programa Antártico Brasileiro), ele completou 6 viagens à Antártica com tal projeto”, comenta Michel Michaelovitch de Mahiques, diretor do Instituto Oceanográfico (IO). O navio participou de grande parte das pesquisas do IO . “Foram desde projetos de pesca no Rio Grande do Sul, até a instalação de cabo submarino na zona equatorial, ele chegou a completar mais de nove mil estações oceanográficas”.

Ao pensar nos custos, e na situação em que o navio se encontrava, o instituo optou por não reformar o navio. Atualmente ele se encontra ancorado no armazém 8 no porto de Santos.

Infográfico: Mariana Zito

Surgiram algumas propostas para o futuro da embarcação Prof. W. Besnard que seriam: transformá-lo em um museu, vender ao governo uruguaio, ou um afundamento controlado para que se formasse um recife artificial. “A tendência atual é que seja feito um museu, entretanto, para isso, será necessário tirá-lo da água, o que será uma operação complexa”, explica o diretor do IO . Dentro dessa possibilidade, surgiu também a proposta de trazê-lo para a Cidade Universitária, o diretor diz que ainda está se estudando qual a melhor alternativa.

Navio Alpha Crucis
Com o incêndio sofrido pelo navio Besnard, e a decisão de não reformá-
-lo, iniciou-se o processo de aquisição de um novo navio para o IO. O navio
adquirido foi o Alpha Crucis, que foi reformado em Seatle, nos Estados Unidos, buscando atender todas as necessidades do instituto. Ele foi comprado por meio de um projeto da Fapesp.

Infográfico: Mariana Zito

O novo navio, saiu de Seatle no começo de abril e, após 45 dias de viagem chegou ao porto de santos. Essa viagem foi acompanhada por professores do instituto.“Foi uma viagem pioneira, nunca ninguém havia passado por um período tão longo de travessia”, comenta o comandante do navio, Rezende.

“O navio se mostrou muito bom para enfrentar condições de tempo adversas, tem laboratórios imensos, vai dar para trabalhar de uma forma cada vez mais adequada, ele já veio com equipamentos de última geração, para a oceanografia brasileira, esse navio vai ser um belo diferencial”, conta June Dias, professora do IO .

Atualmente ele está em fase de regulamentação, ancorado ao lado do Besnard
em santos. Ele já tem um pré-cronograma de sair dia 15 de outubro para
fazer uma viagem teste de uma semana. Além disso, duas viagens de pesquisa
já foram agendadas para novembro e dezembro desse ano.

Infográfico: Mariana Zito