Com a greve, lixo se acumula pelo campus

Lotado de entulhos, “Bosque do Chicão” se assemelha a terreno baldio (Foto: Helena Rodrigues)

Em diversos pontos da Cidade Universitária tem sido possível ver lixo transbordando pelas lixeiras ou mesmo acumulado em sacos plásticos nas calçadas.

O Campus USP da Capital (Cidade Universitária, EACH e Unidades do Quadrilátero Saúde-Direito) se enquadra na Lei Municipal nº 14973/09 como grande gerador. Por isso, o campus é responsável pela gestão de seus próprios resíduos.

Assim, a coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos comuns, orgânicos, rejeitos e materiais recicláveis são efetuados por empresas especializadas contratadas pela USP.

A Prefeitura do Campus (PUSP-C) explica que as atividades de coleta dos resíduos descartados em vias, pontos de ônibus e lixeiras tubulares está interrompida desde 27 de maio, início da greve em que participam os funcionários da Seção de Resíduos da PUSP-C.
“Está em andamento uma licitação para contratação de serviços também especializados, mas seu andamento também está comprometido devido ao bloqueio que impede o acesso ao prédio da PUSP-C.”

LIXO NO CRUSP

O problema é ainda mais grave no Crusp, onde os moradores reclamam do acúmulo de lixo entre os Blocos A1 e B desde março deste ano. A princípio, a Prefeitura do Campus colocou ali duas caçambas para descarte de resíduos vegetais provenientes da manutenção de áreas verdes da Cidade Universitária.

Fernando Rocha, morador do Bloco B, enviou reclamações a diversos órgãos da universidade e recebeu como resposta que o local era ponto logístico do Serviço de Gestão Ambiental da Prefeitura do Campus e que estavam em avaliação mudanças no processo de gestão dos resíduos, bem como a adoção de novas áreas para estas caçambas.

Os moradores fizeram ato no dia 21 de maio exigindo que as caçambas fossem retiradas, o que aconteceu na semana do dia 1º de junho. Porém, o lixo continuou sendo deixado ali e causando problemas, como o surgimento de roedores e pragas.

Depósitos não comportam dejetos (Foto: Dimitrius Pulvirenti)

Não se trata somente de resíduos provenientes de poda, mas também “tem pneus, colchões e sacos pretos, que eu não sei o que têm. Tem muito lixo entre o bloco A1 e B”, explica Fernando que já viu até caminhões descarregarem lixo no local.

Entramos em contato com a Prefeitura do Campus que nos informou que a coleta de lixo no Crusp ocorre de segunda a sábado e que o município recolhe semanalmente o lixo reciclável deixado nas “Cycleias”, mas que com o fim da greve a PUSP-C deve implementar a coleta de recicláveis na moradia.

A Prefeitura disse ter conhecimento desde antes do início da greve do que chama de “descartes clandestinos de resíduos inservíveis e restos vegetais” na região do Conjunto Residencial da USP e classifica a prática como “ações predatórias e manejo inadequado de resíduos”.

O problema é agravado pela interrupção dos serviços da Seção de Controle de Vetores, a manipulação dos sacos por catadores informais, a baixa qualidade dos sacos, que rasgam ao ser recolhidos, o clandestino de lixo na área, tornando-a um “ponto viciado de descarte de resíduos” e o acúmulo de embalagens plásticas provenientes de atividades físicas e de lazer no entorno do Crusp, Praça do Relógio e Avenida da Raia.

Em carta enviada à redação com respostas a nossos questionamentos, a Prefeitura do Campus enfatiza que os aspectos acima apontados “têm sido documentados, discutidos e encaminhados junto às instâncias e outros agentes (SAS, Crusp, Sup. de Segurança, outros) no sentido de buscarmos orientar as Unidades e satisfazer as demandas e necessidades do Campus.”. Confira a íntegra da carta.

por HELENA RODRIGUES