Reunião sobre reajuste acaba sem acordo

Cruesp e Fórum das Seis discutem salários das universidades estaduais de São Paulo

No dia 14 de maio ocorreu reunião entre o Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (CRUESP) e o Fórum das Seis, órgão que representa os sindicatos dos trabalhadores e professores, junto às entidades dos estudantes da USP, Unesp e Unicamp. Entre as pautas específicas e conjuntas às três universidades, estava a do reajuste salarial, em discussão desde antes de 1 de maio – dia limite em que as reitorias, docentes e servidores acordariam o reajuste dos salários para os próximos 12 meses.
O dia foi marcado com um ato, que partiu do MASP até a Rua Itapeva, onde se encontra a sede do CRUESP. A intenção era fazer pressão para que fosse aprovada a proposta do Fórum das Seis de 11,6% de reajuste, sendo 8,36% segundo o Índice de Custo de Vida elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (ICV-DIEESE) e 3,24% a título de reposição de perdas. A reunião terminou sem acordo, já que o CRUESP propôs um reajuste de 7,21%, sendo 4% em 1º de maio e 3,09% em 1º de outubro.
A diferença entre as propostas se dá pelo fato dos índices utilizados pelos órgãos serem diferentes. Enquanto o Fórum das Seis utiliza o do DIEESE, que mede o custo de vida de famílias com renda média de R$ 2.800, o CRUESP aplica o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-FIPE), calculado a partir do custo de vida de famílias com renda de 1 a 20 salários mínimos. Isso significa, como mostra o gráfico da página, que o padrão utilizado pelo DIEESE varia mais que o utilizado pela FIPE, fazendo com que a proposta das três reitorias reflitam menos as condições de compra dos servidores das universidades. “A proposta do CRUESP é ruim, porque o índice utilizado por eles inclui uma camada da população que possui um poder de consumo maior do que o considerado pelo ICV. Não é a realidade dos trabalhadores”, afirma João Borghi, representante do SINTUSP.

(Ilustração: Marcelo Grava)

No mesmo dia, o Gabinete do Reitor emitiu nota explicando a proposta feita na reunião. O informe explica que “o índice proposto representa um grande esforço das três Universidades no sentido de preservar o poder aquisitivo dos salários diante de um cenário econômico desfavorável, em que pese o alto comprometimento orçamentário das Instituições com as folhas de pagamento”.
Após a negociação, as organizações que compõem o Fórum das Seis reuniram-se e qualificaram a proposta como insuficiente, recomendando às categorias que “discutam uma contraproposta a ser levada à negociação de 25 de maio”, referindo-se à próxima reunião de negociação entre os órgãos.

Sujeição ao Conselho Universitário

Durante a reunião do CRUESP, Marco Antônio Zago — reitor da USP e presidente do conselho de reitores — informou que agendou uma reunião extraordinária do Conselho Universitário (CO) da USP para o dia 19 de maio, a fim de levar a proposta do CRUESP à aprovação do CO. A reunião referendou a proposta de reajuste salarial feita no dia 14 de maio. Os funcionários da USP aprovaram apresentar na próxima reunião do CRUESP a contraproposta de reajuste de 11,6%. Na mesma reunião, os representantes dos funcionários foram informados de que a Comissão de Orçamento e Patrimônio (COP) não considerou no orçamento atual o reajuste dos benefícios sociais (como o Vale Refeição e Alimentação), já que o reajuste dos auxílios são pautas de reivindicações específicas dos funcionários da USP.

(Foto: Vinícius Crevilari)

A posição política de Zago, ao limitar a decisão sobre o reajuste salarial das três estaduais a um conselho específico de uma universidade, causou reação. Magno Carvalho, diretor do SINTUSP, afirma que a decisão do reitor GRAVA“cria uma situação absurda que acaba com a legitimidade tanto do Fórum das Seis, quanto do CRUESP, ao delegar ao CO opoder de decisão que deveria ser posto ao conjunto dos representantes da USP, Unesp e Unicamp”. A reitoria não respondeu a reportagem sobre o motivo de delegar a decisão quanto à questão do reajuste do CRUESP para o CO.
Sobre a proposta salarial do Fórum das Seis, a reitoria da USP informou que “O CRUESP entendeu que essa proposta chega ao limite do que as Instituições [USP, Unesp e Unicamp] podem conceder. O propósito é recompor os salários, sem desprezar o comprometimento do orçamento com folha de pagamento”, destacou o reitor Marco Antonio Zago.
Os funcionários realizarão uma Assembleia em 21 de maio para avaliarem as decisões no CO e o indicativo de greve para 01 de junho.

Por Vinícius Crevilari