As moradoras vivas e mortas da raia olímpica

Enquanto vivas, capivaras são fontes de estudo; depois de mortas, são deixadas ao relento

Por João Vitor Ferreira e Laura Scofield

Foto: Eduardo Passos/ Jornal do Campus

As capivaras da raia olímpica se tornaram uma marca registrada da Cidade Universitária. Tudo começou há cinco anos, com um macho, duas fêmeas e cinco filhotes que chegaram pelo córrego Pirajussara. Na raia, a família de roedores encontrou o ambiente perfeito: comida, água limpa em abundância e nada de predadores. O resultado foi o crescimento exponencial da população, que atualmente é de aproximadamente 50 animais.

Mas assim como novos animais nascem, outros morrem. Há pelo menos três meses, como sugeriu o veterinário Derek Rosenfield, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, um animal morreu na raia e o seu cadáver continua lá. Agora decomposto, o corpo não apresenta mais mal cheiro, mas o abandono e a falta de zelo pela raia olímpica são materializados na presença do ser em decomposição.

A capivara morta está bem próxima à pista de caminhada, na altura do prédio da hidráulica, da Escola Politécnica. Porém, para aqueles que frequentam o local, na medida do possível, está tudo bem. O veterinário garante que, além do incômodo em ver um cadáver ao léu, não existe risco algum de contaminação. 

Encontramos outra capivara morta, em uma das extremidades da raia e em estado ainda mais avançado de decomposição. Próximo ao corpo, grande quantidade de ossos espalhados.

Responsabilidades

Derek, que estudou os roedores em seu doutorado, conta que é comum encontrar animais mortos. Segundo ele, a responsabilidade por recolhê-los é da prefeitura do Campus, entretanto, os responsáveis não fazem a vistoria regular da área e dependem do aviso de terceiros toda vez que algum cadáver de animal é encontrado.

Adriana Cruz, assessora de imprensa da USP, pontua que as responsabilidades sobre as capivaras estão bastante diluídas. Ao Cepe, cabe a função de embalar o animal em um saco branco, preencher um formulário fornecido pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ) e acionar a prefeitura do campus (PUSP-C). 

À prefeitura, cabe recolher e transportar o animal até a FMVZ – caso a faculdade esteja fora do horário de funcionamento, o armazenamento deve ser feito em um galpão da PUSP-C. Na Veterinária, o trabalho consiste em reduzir e descartar a carcaça.

Porém, mesmo com todo este protocolo, é comum que os animais sejam apenas jogados no lago, como afirmou Derek. A contaminação das águas não é um problema, a matéria orgânica é irrisória em relação ao volume de água. Porém, em função da utilização esportiva frequente do lago, feita tanto por alunos quanto por outros atletas, o descarte gera incômodos.