Ao olharmos para o local destinado à prática do atletismo no Cepeusp, o que vemos pouco se parece com uma pista. Um chão de concreto áspero, com marcação de raias apagadas, circundando um gramado esburacado.
Para agravar a situação, recentemente, o espaço foi alugado para a realização de uma corrida contra o câncer de mama, organizada pelo Instituto Avon. Segundo o técnico de atletismo da seleção da USP, Raoni Perrucci, a preparação e realização do evento atrapalharam os treinos e pioraram ainda mais o estado da área de atletismo. “Além de todo o descaso, ainda fazem um evento aqui para estragar mais o que já estava ruim”, diz.
Carlos Bezerra, diretor do Cepeusp, explica que o pedido para a realização da corrida foi aceito devido a sua causa nobre e ao aluguel. “Nós vivemos muito da renda industrial”, comenta sobre as dificuldades financeiras do centro. Quanto à escolha do local, o diretor esclarece que o evento serviu como teste para a 45ª Volta da USP, que terá a pista de atletismo como palco principal. Mas Bezerra reconheceu os danos causados e garantiu que a Gayotto, empresa responsável pela organização, será advertida.
Raoni, no entanto, ressalta que esta falta de atenção com a modalidade não é algo novo. “As quadras de tênis estão sempre bem cuidadas. As infiltrações nas piscinas, eles reformam. Agora, aqui na pista…”, indigna-se. O técnico também disse que falta material esportivo para os treinos e que alguns aparelhos foram doados por ele mesmo.
A diretoria defende-se, afirmando que já existe um projeto encaminhado para a reforma completa da pista e do gramado interno. Segundo Bezerra, a idéia é valer-se da lei federal de incentivo ao esporte para a captação de verba. “Eles reclamam, mas o único projeto que nós enviamos foi o da pista”, diz, contrariando as acusações. Ele reitera que o plano logo sairá do papel. “Só estamos esperando a decisão da comissão que aprova os projetos. Esse ano sai”, garante. Ele promete que os danos sofridos pelo recente evento serão devidamente reparados.