O Pró-Universidade, curso pré-vestibular gratuito de incentivo à formação universitária para a população da Zona Leste de São Paulo teve suas atividades encerradas no dia 27 de outubro, cerca de um mês antes da data originalmente prevista. O anúncio oficial do cancelamento das aulas foi feito pela coordenação do curso no dia 19 de outubro.
No entanto, 13 dias após esse anúncio, em 1° de novembro, a Reitoria da USP lançou uma nota com o seguinte informe: “Sensibilizada pela situação dos beneficiários, a Reitoria da USP arcará com os recursos para finalizar as atividades do Programa de Incentivo à Formação Universitária na Zona Leste de São Paulo (Pró-Universidade), da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), retomando as aulas na segunda semana de outubro”.
O programa é uma extensão universitária da USP, conta com a parceria da Fundação Tide Setúbal e do Governo do Estado de São Paulo. Os professores do cursinho são alunos da EACH e da FFLCH que recebem uma bolsa-auxílio para a tarefa.
Por que acabou?
A notícia do fim das aulas alarmou alunos e professores envolvidos no Pró-Universidade. Eles estiveram na Reitoria no dia 22 de outubro, para protocolar um documento sobre a situação. Também entraram em contato com o diretor da EACH, José Jorge Boueri para tentar encontrar uma solução para o caso.
As assessorias de imprensa envolvidas no caso alegaram que o final precoce do curso ocorreu devido à burocracia no repasse de verbas, o que prejudicou o pagamento de professores e funcionários, e também a entrega de material didático. Com isso, os 1200 alunos beneficiados pelo curso foram informados de que as aulas seriam encerradas antecipadamente.
“Para nós, estudantes, foi algo extremante prejudicial. Temos ciência de que mesmo com o cursinho já ia ser difícil conseguirmos passar, por causa da curta duração. Agora, com o fato dele nem ser concluído, nossas chances diminuem mais ainda”, conta a estudante Luciana Lima, que estava inscrita nas aulas do Pró-Universidade.
Muitos alunos, na ocasião do anúncio do cancelamento das aulas, pensaram que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia era a responsável pelo atraso no repasse das verbas. Mas a assessoria informou que “a Secretaria não possui nenhum vínculo, nenhum convênio com esse cursinho. Houve um pedido de auxílio para o projeto, mas para o ano de 2012. Apesar disso, o secretário Paulo Alexandre Barbosa está tentando ajudar, porque ficou sabendo do problema que houve e sabe da importância social do curso. Ele e o reitor Rodas estão buscando uma solução para o caso, para que o cursinho volte a funcionar ainda esse ano”.
Volta às aulas
Como informou a nota liberada pela assessoria da Reitoria, as aulas serão retomadas no início da segunda semana de novembro e será seguido o cronograma de atividades anteriormente previsto. Ainda assim, os questionamentos de alunos da USP que trabalham como professores no Pró-Universidade, continuam. “É importante acentuar o papel da universidade diante da sociedade. É incrível como qualquer situação, por mais frágil que seja, pode inviabilizar projetos para a sociedade. Afinal, para quem a universidade está servindo?”questiona Camilo Martin, aluno de 8º semestre de Gestão Ambiental na EACH.
Para o futuro
Segundo Padre Ticão, líder comunitário na Zona Leste que contribui com o projeto, “o cursinho é bom porque é uma extensão da Universidade. A comunidade sempre reivindicou esse tipo de curso, desde a implementação da USP Leste”. O padre compareceu a uma reunião com o Reitor João Grandino Rodas na segunda feira, 31 de outubro, com a intenção de “pleitear 4 mil vagas no cursinho para 2012, já que na Zona Leste moram 4 milhões de pessoas e a USP é a única universidade pública da região”. A proposta está sendo analisada e ainda não tem resposta oficial.