Há cem anos, a antiga igreja da Sé, no centro da cidade, foi demolida para dar lugar à atual versão da Catedral e Praça da Sé, construídas em 1913. No teto da parte interna daquela antiga igreja ficava a imensa pintura Conversão de São Paulo a Caminho de Damasco, feita em homenagem ao padroeiro da cidade pelo artista plástico José Ferraz de Almeida Júnior. Após um delicado processo de restauração iniciado no final de 2010, a obra finalmente está pronta para ser vista em uma das salas do piso térreo no Museu Paulista da Universidade de São Paulo (MP – USP).
“Essa tela fez parte de um dos principais marcos da cidade e está relacionado com sua própria história e desenvolvimento”, disse a professora Miyoko Makino, da Divisão de Acervo e Curadoria do MP. Miyoko explicou que a tela guardada há décadas pelo museu apresentava alguns problemas e desde 1996 estava recolhida, sem acesso ao público. “Essa obra tem grande significado histórico, e estava coberta em uma das nossas salas. Retirá-la foi bastante complicado, já que ela tem grandes dimensões, algo em torno de 3,80 x 4,70 m”, comentou Yara Petrella, do departamento de restaurações de pinturas do museu.
Os visitantes da exposição podem acompanhar todo o processo de recuperação da tela por meio do painel Dia-a-dia, em que foram fixadas imagens, vídeos e explicações sobre cada etapa do trabalho. Na nova sala expositiva, também estão à mostra fragmentos da antiga Sé e diversas fotografias, com destaque para uma reprodução de Aurelio Becherini, que registra a famosa pintura ainda no teto da “velha Sé”, em 1910. Outra atração é a série de cartões postais, que mostra etapas sucessivas da construção da atual Catedral, além das pinturas a óleo de Maria Cecilia Pinto Serva, feitas nos anos de 1940 com base em fotografias que mostravam aspectos do interior da igreja.
Para Miyoko, essa mostra exibe não somente uma pintura religiosa de um conceituado pintor brasileiro, mas também aspectos do crescimento e desenvolvimento do centro histórico da cidade. “E, por que não dizer: a necessidade de recuperarmos com urgência os bens culturais de nossa história?”, reflete.