As mobilizações pela criação da Comissão da Verdade da USP são o ponto alto desta edição. Com um abaixo assinado de 5 mil assinaturas, colhidas entre funcionários, alunos e professores, a comunidade uspiana expressou sua vontade de trazer a público e passar a limpo as arbitrariedades cometidas pelo regime militar nesta universidade. É interessante observar a evolução deste processo. Primeiro o Fórum Aberto pela Democratização da Universidade propõe a Comissão e luta por sua institucionalização, isto é, seu reconhecimento como uma iniciativa oficial da universidade. Depois, com o abaixo assinado, transforma o tema em agenda coletiva e pressiona o reitor por assumir esta Comissão da Verdade como oficial. E consegue. É uma vitória sua constituição.
A nomeação pelo reitor dos 7 que compõem a comissão, com o jurista Dalmo Dallari à frente, ficou a meio caminho do pleito do Fórum, que queria sua eleição. Mas abre novas possibilidades, por exemplo, de que a Comissão se amplie com novos integrantes, ou que se estabeleça uma dinâmica entre o Fórum e esta Comissão que atenda critérios de transparência e democracia. A luta continua. Mais do que a polarização, o que pode progredir é um entendimento entre os integrantes nomeados e um Fórum democrático que acompanhe seus trabalhos, mas o JC não buscou olhar para o futuro, para os possíveis desdobramentos.
Outro tema de destaque é o suposto conflito entre ensino e pesquisa. A meu ver não há este conflito, há sim uma complementaridade necessária no processo de produção de conhecimento, que envolve o aprendizado de processos, o
como fazer. O ensino pode ser visto como o aprendizado de como fazer pesquisa. A pauta desta matéria de Opinião induz a um entendimento de que há conflito, apresentando a visão de uma falsa dicotomia como sendo a realidade.
Por fim, este Ombudsman não pode deixar de observar que o título de seu artigo anterior foi alterado para atender critérios jornalísticos com os quais não estou de acordo. O título que atribuí ao artigo anterior foi: “Boa seleção de matérias”, que foi transformado em “Último JC teve boa seleção de matérias”, sob o argumento de que o título tinha de ser maior.