Demandas da saúde também são pautas da greve

Além do reajuste salarial, outras questões da realidade universitária também são reivindicadas na greve dos servidores da USP, e muitas delas dizem respeito à área da saúde. Os setores em questão alegam que a interrupção das contratações de funcionários declarada no início da gestão do atual reitor, Marco Antonio Zago, prejudicou diretamente suas atividades. Dentre as unidades da USP que apresentam demandas, estão o Hospital Universitário do campus da capital, o Centro de Saúde-Escola Butantã e a Fofito.

A redução da carga horária para 30 horas semanais, que contemplou mais de 11 mil funcionários da área da saúde no Estado de São Paulo, não abrangeu os hospitais e centros de atendimento universitários. É o que afirma Rosana Meire Vieira, funcionária do Hospital Universitário e diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp). Somam-se a isso várias outras demandas relacionadas às condições de trabalho dos médicos, enfermeiros e demais funcionários. “A média mensal de atendimento seria de seis mil, mas estamos atendendo atualmente 23 mil pessoas”, afirma Rosana. “A gente teve uma discussão com a Superintendência do Hospital, onde foi colocado que já houve sete demissões de técnicos e três de médicos”, completa. O hospital da USP atende grande parte dos moradores da Zona Oeste de São Paulo, que buscam melhor qualidade no atendimento e acesso às tecnologias oferecidas pela excelência da Universidade.

O Sintusp relata que houve um grande aumento no número de denúncias em relação às condições de trabalho. “Já foi feita uma pesquisa que afirmou que um técnico administrativo consegue fazer 25 fichas em uma hora sem levantar nem para ir ao banheiro”, diz Rosana. “Então, eles não conseguem mais fazer 15 minutos de café porque a demanda é muito grande. Se sai um e não tem outro para substituir, a população começa a brigar, e com razão. A média de espera é de 8 horas para atendimento”, conclui. Na tarde do dia 28, um ato foi realizado pelo Sintusp nas dependências do Hospital Universitário, expondo todas estas demandas.

Embora o hospital do campus da capital não tenha aderido, o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, ou “Centrinho” de Bauru, declarou que está em greve a partir do dia 28 devido à precarização do atendimento oferecido à população. Na gestão de João Grandino Rodas houve a demissão de parte dos funcionários do hospital (incluindo parte do corpo médico) e a contratação de trabalhadores sem a experiência necessária para manter a qualidade do atendimento. Segundo Neli Wada, também diretora do Sintusp, a demissão seguida de contratação foi parte de um jogo político empreendido pelo ex-reitor, que acabou por prejudicar bastante o “Centrinho”.