Reabertura do Museu Ipiranga gera alta expectativa no público

Fechado desde 2013, o museu gerido pela USP concluiu suas obras de restauração e prevê reabrir as portas em 7 de setembro deste ano

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por Natane Cavalcante e Vitor Cavalari

Obras da reforma começaram em outubro de 2019. Foto: Reprodução/YouTube/Museu do Ipiranga

Após 10 anos fechado, o Museu do Ipiranga prevê reabrir as portas em 7 de setembro deste ano, no Bicentenário da Independência. No final de março, o Museu concluiu a restauração de seu prédio de maior valor arquitetônico, o edifício-monumento, fundado em 1895 a partir do projeto do italiano radicado no Brasil, Tommaso Gaudencio Bezzi (1844-1915).

A restauração é uma etapa importante, mas ainda são necessários outros passos para a reabertura completa, como a instalação do aparato multimídia, a finalização dos equipamentos de modernização (elevadores, principalmente) e a montagem das exposições permanentes, que começa nos próximos dias.

Na inauguração do que será chamado Novo Museu do Ipiranga, o público terá a oportunidade de visitar 11 exposições de longa temporada, divididas em dois eixos temáticos: “Para entender a sociedade” e “Para entender o museu”.

Além disso, estará aberta por quatro meses uma exposição de curta duração, denominada “Memórias da Independência”. O tema foi escolhido por estar diretamente relacionado ao ano de reabertura do museu e ao Bicentenário da Independência, e trará acervos de outras instituições brasileiras, especialmente do Rio de Janeiro e da Bahia.

Ampliação da área do Museu. Foto: Reprodução/YouTube/Museu do Ipiranga


O Museu é um dos mais visitados do país, e há muita expectativa do público quanto à reabertura. Rosaria Ono, arquiteta e diretora do Museu Paulista, comenta que todos os envolvidos com o museu recebem perguntas de toda a parte: “Quando o Museu vai abrir?”. Ela conta também que este era o museu mais popular entre a população paulistana enquanto estava aberto. “Creio que a larga divulgação da reabertura, em função das comemorações do Bicentenário da Independência, também acentua essa expectativa”, acrescenta a diretora.

O museu e sua relação com a Universidade de São Paulo

O conjunto articulado das atividades do Museu Paulista da USP (nome oficial do Museu do Ipiranga) é a curadoria. Envolve a formação e ampliação de coleções – por intermédio de doações, aquisições ou coleta de campo – sua conservação física, estudo, documentação e comunicação (através de exposições, cursos, programas educativos e publicações).

O Plano Diretor de 1990 definiu como área de especialidade institucional a História da Cultura Material. Neste campo, instituiu três linhas de pesquisa: Cotidiano e Sociedade, Universo do Trabalho e História do Imaginário, em função das quais têm sido ampliados e reorientados os acervos e as exposições do Museu.

Integrado à Universidade desde 1963, o órgão é um dos quatro museus (os outros sendo o Museu de Arte Contemporânea (MAC), o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) e o Museu de Zoologia (MZ)) ligados ao campus que realizam atividades de pesquisa, ensino e extensão essenciais para o desenvolvimento acadêmico do país e possibilitam à comunidade acessar o conhecimento produzido pela universidade.

“Os quatro Museus são bem diferentes, em termos de coleções e sua relação com o público. Mas há uma troca de informações, experiências, e o desenvolvimento de ações conjuntas, para que tenham maior visibilidade internamente e externamente à USP”, explica a diretora do Museu Paulista.

Pintura dos ornamentos internos. Foto: Reprodução/YouTube/Museu do Ipiranga

Restauração e acervo

O Museu do Ipiranga e o Parque da Independência são protegidos por tombamento nas três instâncias – municipal, estadual e federal. Rosaria comenta que isso tornou o processo de restauração ainda mais desafiador, pois a análise do projeto precisa considerar o seu impacto no conjunto arquitetônico do parque. “A concepção dos arquitetos projetistas, a cooperação de todas as equipes envolvidas na obra e a parceria com os órgãos de tombamento resultaram em ótimas soluções de projeto e execução”, afirma a diretora. 

O restauro do edifício-monumento foi executado em duas frentes: restauração e ampliação. Na restauração, foram realizados reparos na fachada, limpeza, decapagem, pintura e recuperação dos ornamentos. Já na parte da ampliação, foi realizada uma escavação em frente ao prédio, assim, com o novo ganho de espaço o Museu irá dobrar de tamanho e passa a ser totalmente acessível. Também foram implementados métodos para a prevenção de incêndios, como o sistema de sprinklers de “pré-ação” que antevê alarmes falsos e disparos acidentais, detectores de fumaça, reparos em toda a parte elétrica e revestimento nas peças metálicas.

Restauração de obras. Foto: Reprodução/YouTube/Museu do Ipiranga

O acervo também passou por um processo de conservação e restauração. São mais de 3 mil objetos e dentre eles, 2.800 peças já foram restauradas. Devido à instalação de ar-condicionado, o Museu pela primeira vez estará apto a receber acervos de outras instituições nacionais e internacionais. Além disso, para aproximar o público, o Museu divulgou uma série de vídeos em seu canal do YouTube, que apresenta os desafios do projeto, curiosidades e os processos de restauração.  

Rosaria ressalta a importância das coleções de objetos produzidos e utilizados na primeira metade do século 20, que aproximam a população do cotidiano da época. “É o caso, por exemplo, dos eletrodomésticos desse período, que fizeram parte da história e hoje estão em nossas lembranças ”, comenta ela. 

No total, serão expostos 3.058 itens pertencentes ao acervo do Museu, e 509 itens de outras coleções, a maior parte das peças são do século 19 e 20. Mas também haverá algumas peças mais antigas que datam o período do Brasil Colonial, como pinturas, esculturas, moedas e documentos textuais.

Museu Paulista. Foto: Reprodução/YouTube/Museu do Ipiranga

Novo Museu do Ipiranga

As obras de restauro, ampliação e modernização são financiadas via Lei Federal de Incentivo à Cultura, e a gestão do Projeto Novo Museu do Ipiranga é feita de forma compartilhada pelo Comitê Gestor Museu do Ipiranga 2022, pela direção do Museu Paulista e pela Fundação de Apoio à USP (FUSP). O custo da reforma é estimado em R$ 211 milhões –  além dos recursos incentivados, há investimentos privados sem incentivo fiscal e também aportes públicos.

A expectativa é que, após as obras, o novo museu passe a receber entre 900 mil e 1 milhão de visitantes por ano. Para mais informações, acesse o site.