De volta às páginas do JC, a nova ombudsman reforça a importância de oferecer contexto ao que é noticiado
Por Alícia Matsuda
Há dez anos, começava a carreira da paulista Isabel Seta, 29, ainda como caloura no curso de Jornalismo da ECA. Antes de se tornar produtora do podcast O Assunto, no G1 (2019-24), para o qual roteirizou mais de 900 episódios apresentados por Renata Lo Prete, ela compôs as redações do jornal Folha de S.Paulo (2014-16), do aplicativo Exame (2016-18) e da revista Gama (2019). Agora, gestora de projetos na organização sem fins lucrativos Fiquem Sabendo, a jornalista retorna às páginas impressas do Jornal do Campus, desta vez como ombudsman, isto é, crítica do material a ser publicado neste semestre.
Enquanto repórter no JC de 2016, Isabel acompanhou, por exemplo, greves e festas no campus, pautas ainda destacadas nas edições mais recentes. “Os estudantes mudam a cada ciclo de alguns anos e, infelizmente, os problemas da Universidade permanecem”, diz, listando as repetidas reportagens sobre o bandejão, o Hospital Universitário, e a permanência estudantil ao longo dos anos. Diante destes problemas estruturais, pautados aqui periodicamente, a ombudsman pretende avaliar a capacidade dos repórteres em usar as recorrências a seu favor, tendo o histórico como ferramenta de apuração. Para ela, abordar este contexto é tão informativo quanto os próprios fatos noticiados: “Apresentar a dimensão do quão velho é o problema é mais forte do que dizer que existe esse problema”.
Esta é só um dos aprendizados que Isabel adquiriu com os anos nas redações e agora compartilha de antemão. Ela admite lembrar até hoje de ler a “coluna matadora” feita pela ombudsman Luciana Coelho, secretária-assistente de redação na Folha, na passagem pelo JC, sem esconder o entusiasmo pela oportunidade refrescante de voltar ao veículo impresso. Experiente em tantos suportes de diferentes mídias, Isabel Seta vê a trajetória dela como sintomática das transformações que o jornalismo atravessa. Mesmo alegando ser ruim com mudanças, ela segue aceitando novos convites, como o de assinar esta coluna a partir da próxima edição. Sobre adaptar a carreira apesar dos desafios, ela tem motivo: “Eu gosto muito de informação, eu sou viciada em jornalismo”.
