Fundação da faculdade aponta 56 prédios ociosos que serão transformados em moradias populares
A pesquisa atualizou os levantamentos já existentes, na maioria incompletos, sobre prédios ociosos no centro e selecionou edifícios com características específicas procuradas pela Cohab que possam ser revitalizados e vendidos à população de baixa renda. “Há prédios de extraordinária qualidade, bem construídos, em locais muito interessantes, que já têm escolas, transporte, metrô, toda infra-estrutura. Não se pode aceitar urbanisticamente deixar esses edifícios vazios, temos que aproveitá-los”, explica Fabio Mariz Gonçalves, professor da FAU responsável pelo estudo.
200 prédios, 2 meses
O levantamento foi feito em apenas dois meses, por uma equipe de cinco pessoas e concluído na última semana de outubro. Foram percorridas todas as ruas, em grande parte a pé, dentro de um perímetro que envolvia bairros centrais como República, Sé, Cambuci, Brás, Liberdade, Bom Retiro, Santa Cecília, Bela Vista, Campos Elíseos e Bexiga. Quando encontravam um edifício aparentemente desocupado, entrevistavam porteiros e vizinhos para descobrir mais detalhes sobre o imóvel e confirmar a sua situação.
“A princípio achamos que era possível obter o mapeamento a partir do cruzamento de dados como baixo consumo de energia, dívida de IPTU, mas esses dados não foram suficientes. Percorrendo as ruas dá para perceber com maior facilidade que o edifício está desocupado, pela fachada, janelas fechadas. Também conseguimos entrar em alguns, que tinham algum zelador ou alguém tomando conta. Outros estão até lacrados”, conta Rodrigo Minoru, arquiteto e ex-aluno da FAU que participou do estudo.
Foram mapeados 210 edifícios desocupados. Desses, 56 foram selecionados levando em conta o porte necessário para que possam ser desapropriados, revitalizados e reformados por um custo que compense.
Valorizar o centro
O estudo revela um novo direcionamento da Cohab: em vez de construir Conjuntos Habitacionais na periferia, em terrenos sem infra-estrutura, hoje prioriza a habitação em áreas mais centrais. “O gasto para revitalizar os prédios desocupados é alto, mas antes apenas a unidade construída saía barata. Gastava-se muito na compra do terreno, na terraplanagem, para levar água, energia elétrica, transporte, na construção de escola. Agora já se tem a infra-estrutura. O custo, que antes era deixado à parte, agora já está embutido na unidade”, diz Fabio.
“Antes de começar o levantamento, fomos visitar edifícios que já estão em uso hoje, que a Cohab já reformou e já colocou moradores. Alguns nos surpreenderam muito positivamente. O que está ocupado há mais tempo, já faz mais de cinco anos, todas as famílias continuam lá e não querem se mudar por nada, cuidam muito bem do prédio que está impecavelmente mantido do elevador ao hall”, conclui o professor.