Produzida pelo Cinusp, conferência internacional apresenta documentários que utilizam cenas de outras produções
'Uma Noite em 67', de Renato Terra e Ricardo Calil (imagem: Reprodução)
O Cinusp acaba de encerrar a Mostra da 10ª Conferência Internacional do Documentário, realizada conjuntamente ao É Tudo Verdade, 15º Festival Internacional de Documentários. O tema da Conferência, realizada entre os dias 12 e 16 de abril, na Cinemateca Brasileira, foi o uso de material de arquivo. O evento, sob responsabilidade do Cinusp, mediante a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão, contou com a participação de professores da ECA como mediadores das mesas de debates.
'Burma VJ', de Anders Østergaard (imagem: Reprodução)
Segundo Maria Dora Mourão, coordenadora da Conferência e atual vice-diretora da ECA, a importância de trazer o evento ao campus por meio da Mostra consiste em permitir que a comunidade universitária tenha acesso a esses filmes e que uma ponte seja estabelecida entre a USP e a sociedade. Ela afirma que a iniciativa de realizar a Conferência surgiu da necessidade de se criar “um espaço de debate, de ações e reflexões sobre o documentário, paralelamente ao Festival”.
Ademais, a participação dos professores amplia o debate para além da USP. “[A Universidade] se abre e traz para fora a reflexão acadêmica”, explica Esther Hamburger, uma das professoras participantes. Os debates foram abertos ao público e possibilitaram um aprofundamento da pesquisa sobre filmes de arquivo e uma visão panorâmica para os não-iniciados no assunto.
Filme anti-imperialistas: 'Capitalismo: Uma História de Amor', de Michael Moore...
Material de arquivo
O tema “Filme vira filme: o documentário de arquivo” foi sugerido por Amir Labaki, coordenador da conferência e diretor do Festival É Tudo Verdade. De acordo com Dora, em 2009, houve uma grande produção de documentários utilizando material de arquivo, o que influenciou Labaki em sua escolha.
Debates sobre a América Latina, o aspecto histórico e o momento atual do documentário pontuaram as discussões nas quatro mesas de debate da Conferência. Também se discutiu a atribuição de novos sentidos às cenas originais de filmes quando reunidas em documentários de arquivo. O teórico e cineasta Jay Leyda, autor de um livro pioneiro sobre o assunto, Films Beget Films, foi homenageado no evento.
...e 'No Ano do Porco', de Emile de Antonio (imagens: Reprodução)
Documentário na USP
De acordo com o professor Eduardo Morettin, mediador de uma das mesas de debate, o interesse pelo documentário
tem aumentado na USP: nos últimos anos, cresceu o número de alunos de Audiovisual que apresentam Trabalhos de Conclusão de Curso no formato. Esther afirma que um dos empecilhos para que o documentário seja melhor explorado no curso está no próprio formato da carreira docente da USP. “Seria muito bom se a gente tivesse mais maleabilidade na Universidade para poder ter professores que estão envolvidos na realização prática e que não sejam necessariamente acadêmicos”, afirma ela.