Faculdades medem forças em inters no feriado

Competições como InterUSP, JUCA e JUEF, disputadas no feriado de Corpus Christi, são o ápice dos campeonatos do semestre

As maiores Atléticas da USP aguardam ansiosamente a chegada do feriado de Corpus Christi, quando são jogados os chamados inters. Entre os dias 3 e 6 de junho elas medem forças com outras universidades ou com faculdades da própria USP, geralmente em uma cidade do interior de São Paulo, no InterUSP, nos Jogos Universitários de Comunicações e Artes (JUCA) e nos Jogos Universitários de Educação Física (JUEF), principais inters do primeiro semestre.

Os meses de treinos realizados desde fevereiro, ou mesmo antes das aulas iniciarem, são colocados à prova na competição considerada por muitos a mais importante do ano. Mas as semelhanças param por aí. Cada inter tem sua particularidade tanto na competitividade esportiva quanto na organização, além da tradição e rivalidade entre os participantes.


Ficha do Interusp (infográfico: Felipe Maia)InterUSP

Criado em 1985, o InterUSP chega à sua 26ª edição e será realizado em Santa Rita do Passa Quatro. A competição reúne oito faculdades: ESALQ, Farmácia, FEA, Medicina Pinheiros, Medicina Ribeirão Preto, Odonto, Poli e São Francisco e são disputadas 24 modalidades e algumas provas sociais.

“É a competição mais forte e a mais importante do ano”, resume Gustavo Braid, presidente da Atlética da Poli, que espera levar cerca de 800 pessoas para esta edição. Perguntado sobre suas modalidades mais fortes, Braid não quis comentar. “Prefiro não informar para não ajudar os adversários”. A Medicina Pinheiros, outra força da competição, teve a mesma postura e não quis falar sobre seus pontos fortes para 2010.

A delegação da Pinheiros deve ter entre 400 e 500 pessoas, segundo a Atlética. A rivalidade com a Poli é grande e há uma forte disputa pelo título, escondendo suas armas uma da outra. A Pinheiros é a maior vencedora do InterUSP, enquanto a Poli é a mais bem sucedida na última década, o que acirra a rivalidade.

A FEA, terceiro lugar em 2008 e 2009, almeja mais para este ano. “Estamos fazendo campanha, temos condições de ganhar”, afirma Ana Luiza Trancoso, presidente da Atlética. “Pensando de forma mais realista, podemos ficar em 2º, no mínimo”. Em 2008, a FEA ficou a 18 pontos da Pinheiros e a 28 da Poli. Em 2009, a 45 pontos da Pinheiros e a 54 da Poli. A delegação deve ter cerca de 600 pessoas. A Atlética da São Francisco também quer melhorar seu desempenho e espera ficar em terceiro lugar. Como não houve Jogos Jurídicos no primeiro semestre, eles esperam levar cerca de 500 pessoas ao InterUSP.

Em breve uma Liga deverá ser constituída formalmente para organizar o InterUSP, segundo informado pelas Atléticas participantes. Já há, inclusive, um CNPJ para a entidade. “Hoje é muito perigoso para as pessoas que organizam porque elas fazem contratos em nome da pessoa física”, explica Renato Grecco, presidente da Atlética da São Francisco. Ainda segundo Grecco, “será possível organizar melhor a competição e fazer contratos mais vantajosos com CNPJ”.

Com a Liga, as Atléticas devem tratar do problema do alto custo dos jogos, uma reclamação comum entre as participantes. O InterUSP contrata arbitragem e praças esportivas de primeira linha, o que encarece o valor gasto pelas atléticas. Além disso, elas precisaram pagar para a cidade sede e pelo alojamento, que muitas vezes não comporta toda a delegação das faculdades. Segundo Ana Luiza, a cidade de 2010 não oferece as melhores condições esportivas. “Atletismo terá que ser disputado em Ribeirão Preto (a 83km de Santa Rita do Passa Quatro)”, afirma.


Ficha do JUCA (infográfico: Felipe Maia)JUCA

Sua primeira edição foi realizada em 1993, no campus da faculdade Metodista, em São Bernardo do Campo. Desde então, o inter cresceu e hoje reúne mais de seis mil estudantes da área de comunicação e artes das seguintes faculdades: Belas Artes, Cásper Líbero, FAAP, Mackenzie, Metodista, PUC-Campinas PUC-SP e ECA.

Em 2010, a cidade escolhida foi Araraquara, que já abrigou outros inters como os Jogos Jurídicos e o InterUSP em 2009. “Araraquara é uma cidade que oferece excelente estrutura esportiva, bem como de alojamentos (escolas e hotéis) e serviços (restaurantes e lanchonetes, por exemplo)”, afirma Rodrigo Pezzotta, presidente da Liga Atlética Acadêmica de Comunicações e Artes (LAACA), organizadora do inter.

A LAACA é formada apenas por universitários das faculdades participantes do JUCA e segundo Pezzotta, embora os números sejam extraoficiais, a Liga prevê que os jogos injetem cerca de um milhão de reais na economia do município. “Essa estimativa leva em consideração todo o investimento realizado pelas Atléticas, pela empresa que realiza as festas oficiais (a Arena Universitária) e também pelos os gastos dos alunos durante os quatro dias de evento”, explica.

O presidente da LAACA conta ainda que esta edição tem como um dos principais objetivos desfazer a imagem negativa que o evento deixou em 2009, com problemas sobretudo relacionados a questões políticas de Santa Rita do Sapucaí (MG), cidade sede naquele ano. “Todas as dificuldades enfrentadas nos fizeram redobrar a atenção com a cidade. Araraquara, já acostumada com eventos deste tipo, nos confere maior segurança e reduz bastante o risco de instabilidades como as vividas em 2009”, diz.

Para o presidente da Atlética da ECA, Iuquim Netto, a única representante da USP no JUCA tem chances de levar o título, que ganhou apenas em 2007. “O Mackenzie é favorito e tem equipes fortes, principalmente nos esportes individuais. Mas a ECA não fica muito atrás e pode conquistar o bicampeonato. Metodista e Cásper Líbero também vêm fortes”, diz. O Mackenzie tem 13 títulos e nos dois últimos anos foi o campeão, seguido exatamente por ECA, Metodista e Cásper Líbero. A expectativa da Atlética ecana é de que entre 700 e 800 pessoas vão para Araraquara no feriado.


Ficha do JUEF (infográfico: Felipe Maia)JUEF

Neste ano, a EEFE volta ao JUEF após a ausência em 2009 em busca do bicampeonato. O inter, que está apenas em sua quinta edição, será realizado em Barra Bonita e na mesma data a cidade receberá também os Jogos Universitários de Direito, o que deve alterar bastante sua rotina.

Na primeira edição, em 2005, quando a competição apresentava uma comissão organizadora diferente da atual e competiam apenas quatro faculdades, a EEFE levou o título. Dois anos depois, o JUEF voltou a ser disputado e desta vez teve um desfecho curioso. Na ocasião, a universidade que recebeu os jogos (Universidade de Franca) discordou de uma punição da organização, em que perdeu pontos na contagem geral devido a uma infração grave durante os jogos de futsal. Sem a Unifran, a competição não teve ginásios para as finais e a edição terminou sem um campeão.

Em 2010, além da atual campeã, Faculdades Integradas de Santo André (Fefisa), os uspianos disputarão o título com outras seis faculdades. Um dos principais problemas da EEFE é o fato de que muitos dos atletas desfalcam seus times por serem também técnicos de outras equipes que disputam inters neste feriado. “Alguns se sacrificam, mas dependendo da cidade e dos horários que os jogos acontecem ocorrem situações inviáveis”, diz Juliana Souza, vice-presidente da Atlética da EEFE.

É o caso de Luiz Melo, técnico das equipes de futebol de campo da Odonto e da ECA. Ele conta que, apesar de não participar do JUEF, ainda existe o problema de precisar estar presente em duas cidades para trabalhar. “Com o InterUSP e o JUCA na mesma data, sempre fico torcendo para que as cidades sejam próximas. Não tem como priorizar uma equipe, o que fazemos é mandar restrição para que pelo menos o primeiro jogo não seja em horário próximo, mas a partir da segunda rodada a situação fica complicada, tenho de ver o que acontece e decidir o que fazer na hora” explica o aluno e atleta da EEFE.