Pedestres são mais prejudicados por falta de estrutura no trânsito

“Desde que a USP foi implantada, não se preocupou efetivamente em criar um sistema de circulação de pedestres adequado”. A teoria é do professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Fábio Mariz Gonçalves. A Coordenadoria do Campus da Capital (Cocesp) também vê no comportamento dos pedestres uma das principais causas de acidentes no Campus – cerca de 14 por mês –, mas a relaciona com sua suposta imprudência.

Em resposta oficial, a Cocesp afirma que “as principais causas [de acidentes] são desatenção de motoristas e pedestres, velocidade de veículos acima do permitido e estacionamento irregular”. Outro professor da FAU, Sílvio Macedo, concorda nesse ponto com a Cocesp. “Um dos maiores problemas que a gente tem é que pedestre não olha para atravessar” afirma. Macedo não vê falta de sinalização na Cidade Universitária, mas sim falta de iluminação. Para ele, a segurança no trânsito fica bastante comprometida à noite, quando não é possível enxergar, com antecedência segura, pedestres e ciclistas cruzando a via.

Já Mariz acredita que o alcoolismo e a falta de passagens estabelecidas para pedestres são os maiores problemas. Para ele, há “muita gente andando a pé pelo Campus e muitos poucos pontos de travessia segura”. Serve de exemplo um trecho próximo à Portaria 3 (foto). Carros entram ininterruptamente pela Av. Corifeu de Azevedo Marques e não há semáforo para pedestres no local. Estudantes, funcionários e membros da Guarda Universitária procurados pela redação afirmaram que o local é problemático nos horários de maior movimento. Especialista em transportes da Escola Politécnica, Hugo Pietrantonio afirmou que não há, em seu instituto, pesquisas específicas sobre o assunto.

Melhorias

Cristina Guarnieri, membro da Divisão de Relações Institucionais da Cocesp, declara que “estão previstas obras na região do Portão 3, com trato da passagem de pedestres, para o primeiro semestre de 2011”.

Problema Estrutural

Originalmente a Cidade Universitária foi construída para não possuir semáforos, e por isso o número tão grande de rotatórias dos cruzamentos de ruas. De acordo com Cristina, no começo da década de 90 surgiu o primeiro semáforo, devido a um acidente em frente à Faculdade de Educação, e desde então estes sempre foram instalados “por necessidades pontuais”.

Outro problema na circulação do Campus Butantã, já citado em edição anterior do JC, são as calçadas em más condições. “As calçadas da USP são, de forma geral, muito mal cuidadas. Tem muitos problemas de buracos, má manutenção”, destaca Mariz. Para o arquiteto, também há muitos problemas de descontinuidade e toda a estrutura deveria ser repensada. Em relação à manutenção do passeio público, a Cocesp também afirma que, no primeiro semestre de 2011, obras serão iniciadas.

Região próxima ao P3 receberá melhor trato para pedestres em 2011 (foto: Eduardo Nascimento)
Região próxima ao P3 receberá melhor trato para pedestres em 2011 (foto: Eduardo Nascimento)