
Após distribuição da última edição do Jornal do Campus, Maria Arminda do Nascimento Arruda – professora titular da FFLCH, candidata ao cargo de reitora e atual Pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária da administração de João Grandino Rodas – se pronunciou sobre as perguntas enviadas pelo JC. Na íntegra, as respostas da candidata:
Continuidade e ruptura com a gestão anterior
“A gestão do Professor João Grandino Rodas modernizou a Universidade de São Paulo. A área da cultura foi bastante atendida, a exemplo dos editais, da aquisição de instrumentos musicais, da construção e reforma dos prédios e dos museus, da transformação dos museus em unidades, do apoio às iniciativas diversas que conferiram ao setor perfil muito diferenciado; a reforma da carreira dos servidores técnicos e administrativos, assim como a criação da escola de gestores, é ponto alto do período; o processo de internacionalização foi ampliado e novas ações foram concebidas; as bolsas estudantis cresceram consideravelmente e o seu valor foi ajustado; novas modalidades de bolsas foram concebidas como as internacionais, mudando o caráter da graduação; a política de acesso à universidade foi transformada, ampliando os bônus, oferecendo oportunidades maiores aos estudantes que desejam entrar na USP; a pós-graduação foi reformada e os conceitos auferidos pelos programas subiram; a pesquisa foi incrementada com recursos vultosos; a reposição do corpo docente foi realizada, dentre outras ações de relevo. No conjunto, a gestão foi bastante distinguida”.
Modelo de eleição
“Considero que a USP precisa mudar a sua forma de escolha dos dirigentes e todo o processo de tomada de decisões. No entanto, é preciso assinalar que o modelo atual, embora defasado, foi capaz de produzir uma universidade de excelência, de grande porte, detentora de um patrimônio inestimável e que não pode ser colocado em risco por decisões tomadas no calor dos acontecimentos. A próxima gestão precisa, já no primeiro momento, por em discussão o estatuto da USP, única maneira de enfrentar o chamado déficit de participação na nossa universidade. Apenas o debate amplo e politicamente desarmado poderá garantir as reformas necessárias. Não se pode desconhecer jamais o caráter público da instituição, a exigir de todos profunda responsabilidade social, zelando pelo patrimônio que pertence à sociedade e a ninguém em particular”.
Terceirização e cursos pagos
“Em princípio, todas as iniciativas devem ser gratuitas. No entanto, há bastante desconhecimento sobre os chamados cursos pagos na universidade, que são dirigidos aos profissionais do mercado e não aos estudantes de graduação ou de pós-graduação. No conjunto dos cursos de extensão, apenas essa modalidade de cursos prevê alguma forma de pagamento; há várias outras absolutamente gratuitas. Quando existe alguma forma de pagamento, 10% das vagas são designadas a bolsistas; no caso de o curso ser dirigido a organizações públicas e privadas específicas e, portanto, for integralmente pago, é obrigatório repeti-lo no período seguinte totalmente gratuito. Parte desses recursos auferidos são realocados no fomento e nos programas sociais diversos. É necessário rever os contratos dos trabalhadores terceirizados”.
Obras e segurança
“A segurança é hoje ponto nevrálgico, uma vez que a universidade não está isolada da cidade. Um ambiente inseguro não permite desenvolver as atividades afeitas à universidade e amesquinha a convivência. Há vários estudos que revelam a importância e o êxito das ações da polícia comunitária, treinada para atender situações e contextos particulares. Trata-se do policiamento cidadão. Considero ser essa a modalidade adequada à universidade. Quanto às novas construções, julgo que elas são adequadas, pois a USP não possuía auditórios, os poucos existentes estavam deteriorados ponto em risco a vida dos usuários, sequer havia construções dignas para abrigar os acervos museológicos, que se encontram dentre os maiores do mundo. A área cultural e de convivência estava totalmente desassistida. As novas construções visam a superar esse descaso”.
EACH
“A EACH deve receber atendimento prioritário em todos os níveis: cursos, infraestrutura, saneamento, reforma curricular e organizacional, de modo a cumprir os desígnios sociais de origem”.
Avanços na área da cultura
“Difícil se auto-avaliar, pois corre-se o risco do autoelogio, quando não do julgamento impiedosamente crítico em relação ao que foi realizado. Apesar de considerar que a área da cultura e extensão teve muitos avanços, evidentes nos números e iniciativas, prefiro deixar o julgamento nas mãos da comunidade uspiana”.