Em audiência pública, comunidade da USP-Leste questiona descaso com a situação de contaminação do campus
Na última terça-feira (29/10), ocorreu na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo audiência pública sobre a contaminação do solo da USP-Leste. No encontro estiveram presentes representantes da Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo (Cetesb), da empresa Servmar, contratada para realizar consultoria ambiental para a USP, e o arquiteto e atual diretor da Divisão de Projetos em Engenharia da Universidade, Rogério Bessa Gonçalves – representante do reitor. Alunos, docentes e funcionários também puderam expressar sua opinião.
Segundo Bessa, “o reitor preferiu não participar da audiência por entender que a questão tem um caráter técnico”. O arquiteto apontou os procedimentos adotados desde 2006 para tentar controlar os problemas de contaminação na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH). Naquele ano, uma pequena explosão no decorrer das obras de edificação alertou para a presença de gases na área. De acordo com ele, as medições realizadas até agora demonstram que não há concentrações altas de gases debaixo da laje da maioria das construções. A exceção é o edifício “laranjinha”, onde funcionava em caráter provisório o antigo refeitório da faculdade. No local, segundo ele, há concentrações altas de metano, sendo que a construção estaria fadada a ser demolida. A USP informou ter encaminhado à EACH ofício que prevê a desocupação e demolição do prédio que abriga hoje o Diretório Central dos Estudantes (DCE), o grêmio dos funcionários e atividades de extensão.

A empresa Servmar prestou esclarecimentos sobre as investigações acerca dos problemas ambientais. A versão da empresa foi contestada pelo presidente da Cetesb, Otavio Okano, no que diz respeito à dimensão das malhas de prospecção que foram instaladas para fazer o mapeamento dos pontos de ocorrência de metano no terreno. Segundo ele, as normas estabelecidas pela Cetesb não estão sendo cumpridas. A USP foi multada em R$ 96.869,35 por não atender às exigências técnicas feitas pela Cetesb. A Universidade se propôs a solucionar a questão até dezembro de 2014. No entanto, para a Cetesb, o prazo ideal seria abril do mesmo ano.
Elizabete Franco, representante dos docentes, ponderou que “apesar de esta ser uma questão técnica, a gente não pode ficar restrito a isso”. Segundo ela, a comunidade, que não está mais em greve desde o dia 30/10, reivindica a apuração da responsabilidade pelo despejo de terra ocorrido no campus em 2011. “Estamos falando de um lugar que sabidamente tinha um solo problemático, sendo que as providências não foram tomadas, e pior, de um aterro que foi colocado lá em 2011, um absurdo de terra de que até hoje não se sabe a procedência”.
Otavio Okano afirmou que “a USP-Leste só seria interditada se houvesse alto risco de dano à saúde pública ou se os laudos e as medições que tem sido feitas no campus apontassem risco de explosão”. O retorno às aulas foi deliberado em reunião. Alunos, docentes e funcionários criaram uma comissão permanente de acompanhamento ambiental que possui representantes das três categorias envolvidas.