USP e Hungria fortalecem seus laços

Universidade abre cursos e programas para fomentar a pesquisa e o intercâmbio de alunos

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Antonio Menezes, Rodolfo Politano, Zoltán Dubéczi, Sarolta Kóbori, Szilárd Teleki e Balázs Nagy na “Geopolitics of the Global South”. Foto: Alexandre Amaral
A conferência internacional “Geopolitics of the Global South”, realizada no dia primeiro de dezembro, na FEA, é um dos primeiros resultados do novo acordo de cooperação assinado entre a Universidade e instituições do ensino superior da Hungria. Com proposta de nova cátedra, a USP amplia cursos de difusão cultural húngara sendo, sozinha, responsável por mais de cem dos aproximadamente 2.300 estudantes que passaram pelo país do leste europeu nos últimos três anos.

“Nós ficamos muito felizes com essa grande troca de estudantes brasileiros com a Hungria,” afirma o embaixador do país, Norbert Konkoly. “É muito importante que os jovens que se deparam com a nossa cultura com mente e alma abertas façam ponte entre os dois países.”

Embora a maioria dos acordos entre os governos dos países seja focado na área de engenharia, através do programa Ciência sem Fronteiras, cursos de difusão cultural como o de língua e cultura húngara, do departamento de Letras Orientais da FFLCH, vêm ganhando espaço. “Promover os estudos húngaros em nível acadêmico é a nossa missão,” diz o professor Antonio Menezes, coordenador do curso. “Mas para isso precisamos da língua. Ela é um primeiro passo para o nosso grande objetivo,” acrescenta o professor Rodolfo Politano, vice-coordenador.

O curso foi implantado no ano passado, e contou com cerca de 350 alunos em três semestres. Mas as 110 vagas abertas no início deste semestre não foram suficientes, se esgotando em apenas quatro minutos, conta Menezes. “Paramos até de divulgar, porque [a demanda] que vem através das redes e de indicação de alunos já é mais do que suficiente.”

Quem ministra as aulas é a professora húngara Sarolta Kóbori, que relembra a participação de cerca de cem mil descendentes húngaros na formação do Brasil. “Já faz muitas décadas que os húngaros estão morando aqui, chegando em várias ondas de imigração e formando uma comunidade forte no Brasil, principalmente na sede da Casa Húngara em São Paulo,” diz. Mas mesmo assim, a difusão da língua húngara, que tem fama de ser “a língua que o diabo respeita”, é difícil, explica.

“Diferentemente do inglês ou do francês, o material de apoio sobre o ensino da língua húngara para estrangeiros é novo,” revela Kóbori. Segundo ela, essa não foi uma área pesquisada durante a época da ditadura na Hungria, que se prolongou por boa parte do século XX.

Estabilidade

Para ampliar aa relação entre os dois países, os envolvidos com o curso se reuniram com a diretora da FFLCH para propor a criação de uma cátedra de estudos húngaros na Faculdade. Para tanto, contam com o apoio do Secretário Geral da Fundação PADA do Banco Central da Hungria, Zoltán Dubéczi. “Temos planos estratégicos para expandir a relação entre os dois países, mandando mais professores e criando novos programas,” afirma. O projeto de difusão cultural já tem garantido a estabilidade de, pelo menos, cinco anos, de forma a fomentar todo tipo de atividades de pesquisa e ensino do nível superior.

“Muitos dos alunos que passaram pela Hungria querem voltar pra lá, seja para um mestrado, doutorado… e por isso têm interesse em continuar com prioridade na língua,” conta Balázs Nagy, Representante da Conferência dos Reitores Húngaros. “Claro, que a longo prazo isso pode gerar maiores relações entre as instituições, como pesquisas conjuntas, projetos. Já temos algumas, mas a ideia é aumentar cada vez mais.”

E não só isso. Segundo o Cônsul Geral da Hungria em São Paulo, Szilárd Teleki, a aprendizagem cultural pode ser o primeiro passo novas oportunidades de estudo e emprego para descendentes húngaros. “Além de conhecer a cultura, expressões e culinária da Hungria, há uma vantagem muito concreta para as pessoas que têm descendência húngara: conseguir a cidadania.”

Histórico

Até o começo do ano, a USP contava com três acordos com instituições da Hungria: dois convênios acadêmicos na área da engenharia, entre a Escola Politécnica e a BME, e a Escola de Engenharia de São Carlos com a Universidade de Óbuda, e um acordo de cooperação entre a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e a Universidade de Pécs para a criação do curso de difusão cultural de Língua e Cultura Húngara.

Com a vinda do presidente húngaro, János Áder, para a 2ª Conferência sobre a presença húngara no Brasil, no dia 11 de agosto, a USP e a Universidade de Tecnologia e Economia de Budapeste assinaram um novo protocolo de intenções de cooperação para a realização de projetos conjuntos. Neste mesmo dia, alguns dos professores da USP com ascendência húngara (18 no total) firmaram um termo para criação de uma associação de professores húngaros no Brasil.