Reciclagem na USP avança, mas 70% dos materiais ainda vão para o lixo comum

A pedido do JC, prefeitura do campus traça um panorama sobre a gestão de resíduos na Cidade Universitária

por Leonardo Vieira

Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática (CEDIR). Foto: Leonardo Vieira/JC

A questão ambiental é um dos desafios da humanidade para as próximas décadas. Parte importante dessa agenda é a gestão de resíduos, enfrentada a partir de um bom sistema de coleta seletiva e reciclagem. Nesse sentido, a USP ainda tem um longo caminho pela frente:  70% do material passível de reciclagem vai para o lixo comum. Mas a Universidade vem investindo em políticas para melhorar sua gestão dos recicláveis.

“A primeira iniciativa Institucional foi o USP Recicla, de 1994, que tinha como enfoque a reciclagem de papéis, oficinas e palestras de Educação Ambiental”, afirma Aline Mellucci, responsável pela área de gestão de resíduos da prefeitura do campus. Ela também destaca a Gestão de Resíduos e Recursos Naturais (SVRN), responsável por gerenciar, da coleta à destinação final sustentável, resíduos recicláveis de todos os tipos na Cidade Universitária, além do auxílio às Prefeituras do Campus Leste e Quadrilátero da Saúde e do Direito.

O resultado é uma coleta de material reciclável da ordem de 3,2 toneladas por mês, a maior parte de papel (46%) e papelão (30%) (veja gráfico). “Há também programas para itens não recicláveis, orgânicos e de tratamento específico, como  lâmpadas fluorescentes, entulhos, restos vegetais, inservíveis, químicos, além da logística reversa de pilhas e baterias”, enumera.

Arte: Rafel Canetti/JC

O lixo eletrônico é outro tipo de resíduo que ganhou notoriedade nos últimos anos devido ao à popularização dos avanços tecnológicos. Na USP, a coleta e a triagem de componentes de computadores que não serão mais utilizados, mas que ainda podem ser úteis, é feita no Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática (CEDIR) – localizado próximo ao Instituto de Relações Internacionais (IRI).

A reciclagem na universidade se beneficia com a produção científica da instituição, seja por geração de dados ou estudos que ajudam a melhorar a destinação dos resíduos. Há dois projetos de destaque nessa perspectiva: o Biodigestor no Instituto de Energia e Ambiente (IEE), um protótipo capaz de digerir, em teoria, cerca de 20 toneladas por dia de resíduos orgânicos. “Hoje todos os resíduos dos nossos Restaurantes Universitários estão sendo encaminhados para o biodigestor, gerando gás, energia elétrica e outras pesquisas adjacentes, como o próprio resíduo do biodigestor ser reciclado em biofertilizante”.

O outro projeto é a criação de uma Central de Triagem de resíduos recicláveis na USP, ao lado da Comunidade São Remo, desde a construção de um galpão e seus equipamentos até a assessoria para criação de uma cooperativa organizada que irá operar a Central de Triagem, que se espera começar a funcionar até meados de 2024.

Mas ainda há muitos obstáculos a serem superados. Segundo a gestora, mesmo com uma logística eficiente de coleta e destinação, a segregação ainda é o maior desafio. “Precisamos de mais engajamento dos usuários, mais investimento em recipientes adequados e campanhas internas dentro das Unidades”, finaliza.