“Arma na FFLCH não foi falha de segurança”, diz especialista

Um agente da GCM que acompanhava o influenciador Lucas Pavanato ameaçou estudantes com uma arma

Por Marília Monitchele

Vista interna do Prédio da FFLCH-Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Em agosto, um agente da Guarda Civil Metropolitana (GCM) de São Paulo ameaçou estudantes da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP com uma arma. O homem não estava no exercício de sua função oficial e acompanhava o influenciador digital Lucas Pavanato, que é suplente de deputado estadual e disputou as eleições de 2022 pelo Partido Novo. O agente e Pavanato foram expulsos por alunos e pela Guarda Universitária do campus e levados ao 93° Distrito Policial da Zona Oeste.

O episódio teve repercussão dentro e fora da USP, e levantou questionamentos sobre a segurança dos campus universitários. O JC conversou com Leandro Piquet, especialista em
segurança pública e professor do Instituto de Relações Internacionais da USP para saber se houve falhas de segurança e o que a Universidade pode fazer para que eventos semelhantes não se repitam.

De acordo com Piquet, a USP tem um bom sistema eletrônico de monitoramento, além do auxílio da Guarda Universitária e de agentes da Polícia Militar. O Campus do Butantã, onde a confusão se deu, não apresenta altos índices de criminalidade e pode ser considerado um espaço relativamente seguro. “O caso da FFLCH foi um evento diferente, não foi falha de segurança”, disse. “Tem a ver com as tensões políticas do país. Um ato de provocação que culminou em um ato de violência. Mas nesse caso, apenas mais policiamento não resolveria. Foi um ato inédito e imprevisível que nada tem a ver com falta de segurança”.

Apesar disso, Piquet acredita que a USP poderia adotar novos protocolos de segurança que contribuam para uma resposta mais veloz a esse tipo de situação. “Uma opção seria apostar em iniciativas de integração e comunicação entre diferentes instituições e setores, algo que a Universidade ainda deixa a desejar”, sintetiza.