USP mantém tradição de formar atletas olímpicos

Conheça a história de alguns atletas que passaram pela instituição que formou ídolos como Sócrates e Amaury Passos

Por Osmar Neto e Sofia Lanza

Quadra esportiva da Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE) [Foto: Gabriel Tavares/JC]

É dentro da Universidade, através das Atléticas, campeonatos universitários, atividades do Cepeusp ou simplesmente numa corrida pelo campus, que muitos alunos têm a oportunidade de ter contato com o esporte ao longo de sua experiência acadêmica. Para um seleto grupo, no entanto, essas atividades foram o início de  uma carreira esportiva profissional.

As quadras da USP foram e continuam sendo o berço de grandes atletas brasileiros. Maria Lenk (primeira mulher sul-americana a ir para as Olimpíadas), Amaury Passos (bicampeão mundial de basquete), Maria Hackerott (medalhista pan-americana de barco a vela) e até Sócrates (um dos maiores jogadores da história do Corinthians, formado em Medicina pela USP de Ribeirão Preto), são alguns dos nomes que passaram pelos campi. E a lista continua a crescer, não só entre ex-alunos mas também graduandos na Universidade.

Nem sempre conciliar estudo e esporte é fácil. Mariana Franco, jogadora do SKA Brasil, time de futebol profissional, diz que a “vida dupla” requer muito esforço. “Em uma terça-feira eu tive um jogo lá em Taubaté e uma prova de anatomia de manhã. Então eu fui pra faculdade, fiz a prova e fui direto pegar o busão. Não é fácil, são vários deslocamentos, estudar no ônibus voltando de jogo”, conta a atleta, que atualmente cursa o primeiro ano da graduação em Educação Física .

Douglas Vieira, primeiro judoca brasileiro a chegar em uma final olímpica – conquistou a prata nos Jogos de Los Angeles em 1984 –, relata que teve grande apoio de sua faculdade. “Estudava na Educação Física, quando fui convocado estava no quarto ano. Um dos professores de judô, Carlos Catalano, falou ‘vai lá, tranca sua matrícula e vai se dedicar ao judô esse semestre’. Foi o que eu fiz: fui para as Olimpíadas, estendi o curso em 1 ano e me formei”, afirma.

Tanto Mariana quanto Douglas ressaltam a importância de cursar a faculdade, seja pelas próprias experiências universitárias ou por ampliar suas perspectivas e adquirir conhecimento. “Comecei a ter uma visão mais ampla e até mais crítica sobre algumas situações dentro e fora de campo que envolvam o futebol. Passo a entender alguns aspectos do jogo que, como atleta, às vezes você acaba fechando os olhos”, diz Mariana. 

Meu conselho é acreditar que é possível fazer os dois. Se alguém tem o desejo de conciliar os estudos e o esporte, saiba que é possível”, afirma Mariana Franco, campeã da Divisão Especial do Campeonato Paulista de Futebol Feminino. [Foto: Mariana Franco/Arquivo Pessoal]

Ter uma graduação é também uma espécie de plano B para a instabilidade existente na carreira esportiva. No caso do futebol, a idade limite está na casa dos 40 anos – isso se a trajetória não for abreviada por uma lesão séria. “Estou fazendo uma faculdade dentro daquilo que eu amo, que é o esporte e o futebol. Se eu continuar jogando, o curso é algo que vai me agregar. Se por alguma razão eu parar, vou continuar vivendo a minha vida dentro do esporte. Talvez de outra maneira, atuando como outro tipo de profissional, vivendo dentro daquilo que eu gosto”, finaliza.

Esta reportagem foi publicada originalmente com o título “Da sala de aula à glória esportiva”.