
Por Beatriz Pecinato e Luana Takahashi

O ranking QS World, divulgado em 5 de junho, mostrou que a Universidade de São Paulo (USP) caiu de posição e não é mais considerada a melhor da América Latina, ficando atrás da Universidade de Buenos Aires (UBA). Reputação, qualidade do ensino, produção acadêmica, orientação internacional, impacto de egressos e sustentabilidade são alguns dos critérios da avaliação. Apesar de ter perdido a liderança regional, a USP segue na 92ª posição geral entre as 1503 instituições classificadas.
Como melhor da América Latina por seis anos desde 2013, a USP parece ainda ter muito a avançar para fazer jus ao título que ostenta. Ocupar a primeira posição é uma ótima vitrine aos que estão de fora. Aos que a vivenciam, resta a realidade bem menos glamurosa.
Nesta edição, o Jornal do Campus (JC) evidencia alguns problemas enfrentados pela Universidade e sua comunidade. Alguns cursos, como História, Geologia e Turismo, estão impedidos de realizar trabalhos de campo pela burocracia da reitoria e das unidades para liberar recursos financeiros.
Na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), algumas habilitações de Línguas seguem sofrendo com carência de professores especialistas. Além disso, empresas terceirizadas que prestam serviços à Universidade acumulam processos trabalhistas na Justiça, e a USP parece se abster da responsabilidade com seus contratados.
A própria produção deste Jornal mostra também o colapso no processo de compras públicas da Universidade após nova Lei Federal Nº 14.133/2021, e o despreparo do setor técnico-administrativo com a mudança. Desde o início deste ano, nenhuma nova edição pôde circular pelo Campus. Devido ao processo burocrático de contratação da gráfica, os jornais que estavam prontos desde abril foram prejudicados com o atraso das impressões.
Apesar de não sabermos quando este Jornal estará em suas mãos, esperamos que as reportagens sirvam como objeto de reflexão sobre a posição e o papel da USP nos rankings, mas sobretudo na sociedade e na vida das pessoas diretamente afetadas por ela. Para além da festividade quando ocupa o topo da lista, é importante que a Universidade discuta de forma transparente sobre a queda. O olhar crítico acerca dos pontos deficitários é ainda mais necessário do que a divulgação de sua excelência.